A X Bienal Internacional do Livro, chega ao fim. Com um público recorde diário de
aproximadamente cinqüenta mil pessoas e mais de cem mil obras que sedutoramente
estiveram ao alcance dos olhos, bolsos e das mãos de diversas gerações que
durante os dias oito a dezoito de novembro se fizeram leitores no Novo Centro
de Eventos de Fortaleza. E dicotomicamente falando, e difícil dizer quem
impressionou mais, se a variedade literária ou a perfeita arquitetura recém inaugurada.
A Padaria Espiritual do Século XXI: ratificou a literatura como o pão de
espírito para o mundo. Os imortais padeiros como Rodolfo Teofilo, entre outros(em
tamanho ampliado), receptivamente
saudavam como aperitivo o sabor que saciaria a ânsia pela magia das letras,
através do imenso labirinto da curiosidade, shows, palestras, exposições,
cordéis, teatros, oficinas...
No hall de entrada, folders informativos com a programação e mapa de
localização das estandes e respectivos autores, livros e editoras,
facilitando o prazeroso encontro entre
leitores e literários.
Biombos gigantes reforçavam na memória(como cartão de visita) dos
freqüentadores da Bienal, os noventa anos da Semana de Arte Moderna, ocorrida
em São Paulo e telas dos artistas da época e como não podia faltar a de Tarsila
do Amaral. Muitos outros cearenses também foram retratados através da vida e
obra para atrair olhares dos curiosos tais como- Francisca Clotilde, (nascida
em Taua), Adolfo Caminha(obra A Normalista).
Ate mesmo Maria Bonita desafiou Lampião, comparecendo sem o companheiro
e desacompanhada dos demais jagunços ou cangaceiros, vestida com seu traje característico,
(peixeira, chapéu de couro, badulao, cabaca...), com espelho a mostra da roupa
caqui, sem desprezar a vaidade feminina. Por um instante pensei que a mesma
tivesse se perdido do bando, pois da forma rápida e assustada como passou por
perto de mim, pensei que estivesse se preparando para uma nova fuga ou uma
emboscada atrás das moitas do semi-árido nordestino. Talvez sob a proteção do
Padim Cícero Romão Batista que estava sempre por perto para acalmar a pressa do
povo afobado que corria de um lado para outro, como se estivessem procurando
encontrar com a Beata Maria de Araujo ou temendo esbarrar com o grupo de
Virgulino. E tal como camaleão, os cenários mudavam de cor, tamanho, forma e
espessura. Tudo para mostrar a arte e literatura do ceara e do mundo.
E bastava subir as inúmeras e disputadíssimas escadas rolantes para que
cada andar fosse um momento impar de pura informação, saber, conhecimento,
lazer, cultura, curiosidade e descoberta... E ate mesmo a confuso e
congestionado estacionamento foi incapaz de minimizar a grandiosidade do
evento.
Parabéns aos incentivos do Governo Estadual(através de ações e Programas
Federais) pela organização patrimonial e humana por proporcionar que pessoas X
livros interagissem indissociavelmente como protagonistas imaginárias e reais do
fantástico mundo literário. Disponibilizados para todos acervos gerais e
acervos especiais, (publicações seriadas, informação documental, iconografia,
manuscritos, obras raras, cartografia, musica e arquivo sonoro...)
E como não podia faltar um espaço reservado para que pudéssemos viajar
em uma
Maite Proença, escritora e conferencista veio especialmente para a
abertura. Entre flashes, aplausos e holofotes embolidos em doses de emoções,
anuncia a cantora Gal Costa que através de sua sutileza vocal, inspira aos
cearenses a alegria de viver ao som de seus grandes e inesquecíveis sucessos
Muito bate-papo, palavra cantada e shows com Humberto Gessinger, Thalita
Rebouças, Zeca Balero, Márcia Tiburi, Sanzio de Azevedo, Tony Belotto, Luiz
Tatit, Flavio Paiva, participação do Nobel de Literatura Wole Soyinka e
diversos artistas e escritores locais e regionais.
Dos quatro dias que estive vivenciando a X Bienal com minha família, um
foi o diferencial, principalmente para meus filhos. O Show de Flavio Paiva,
ocorrido no segundo andar, auditório sala nove, em seguida o Lançamento do
Livro- A Casa do Meu Melhor Amigo. Ambiente repleto de amigos, profissionais da
mídia televisiva, literários, professores, acadêmicos, crianças...sua esposa
Andrea muito cordial para com todos.
Das muitas caravanas escolares, a de Independência e Crateús foram
especiais, pois revi amigos e ex professores...Alunos contemplados com cartão
bônus para compras de livros e
estimulados pelo fascínio inerente a idade propicia a curiosidade, descobertas
e sonhos...
Um momento único para quem pode conferir o evento que já começa a ser
ansiosamente aguardado pelas novidades da próxima. E a cada Bienal, a certeza
de que tudo torna-se inesquecível para quem a vivencia e desejável fonte de
descoberta para quem deseja na próxima estar.
Senti falta dos tios Eduardo e Elias Bigode, para fazerem par com as
cantorias de Lucas Evangelista e Geraldo Amâncio...relembrar as tertúlias no
terreiro, ou alpendre da Casa Grande da Várzea da Cacimba, que nem Gilberto
Freyre foi capaz de retratar. Uma moda de viola, proseada no palco com o Painel
de Luis Gonzaga, o Rei do Baião. E tirei
do Livro O Baú da Gaiatice 2, historia para morrer de rir. Esbarrei com o Seu
Lunga em prosa e verso. Conheci os causos do cumpade Quintino Cunha, e com dois
contos de reis fiz a sacizada pular com uma perna só e fiz Iracema calcar
alparcatas de pneu antes de correr de volta pra se banhar na Lagoa de Messejana.
Depois de me perder nas Ruas Gal Bezerril e Pe Mororo, não consegui mais contato
Chico Anísio, me apareceu Chico Xavier, que estava escrevendo de cabeça baixa e
deixei passar pra não incomodar o homem bom.
E como no mundo da fantasia tudo e possível, desde a interação literária
em 3 D, obras musicais e em braile, contracenar com o incrível HUCK, criar
caricaturas diversas, massagem relaxante, medicina holística, teatro de
bonecos, contacao de historias, confecção de livros infantis, apresentação de
trabalhos escolares(particulares, estaduais e municipais) exposição dos menores
livros do mundo, artesanato cearense, oficinas de origami(Sesc) pipoca doce,
xurros... Agora e a sua vez, quem quiser que conte outra, pois na X Bienal
Internacional do Livro em Fortaleza, todos foram felizes para sempre.
Educadora Klésia Pimentel |
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