Diariamente,
os fiéis participam de missa na Basílica de Nossa Senhora das Dores. O
número de devotos é crescente a cada ano fotos: Elizângela SantosJuazeiro do Norte
O grande cordão iluminado percorre às principais ruas da terra do
"Padre Cícero", a partir das 17h30 de hoje. São os fiéis da "Mãe das
Candeias", no encerramento da terceira maior romaria do ano, na cidade. A
estimativa da Igreja Católica é que mais de 100 mil pessoas participem
do cortejo, em que é tradicional as pessoas levarem as velas acesas, até
a Praça do Romeiro, local onde acontece o encerramento, com a bênção do
santíssimo.
A Romaria de Nossa Senhora das Candeias foi iniciada
no último dia 29. Porém, até amanhã, pessoas de várias partes do
Nordeste deverão permanecer em Juazeiro do Norte. A ocupação das ruas
por milhares de vendedores tem sido a principal preocupação da Igreja e,
inclusive, poderá dificultar a passagem do cortejo no fim da tarde de
hoje.
A Festa das Candeias completa 124 anos de tradição na
cidade e foi incentivada, inicialmente, pelo Padre Cícero. Ele era um
devoto da santa. Este ano, a romaria tem como tema "A luz de Jesus nos
Caminhos da Fé Romeira". A preparação para a festa começou a ser
realizada com um plano de ação para o desenvolvimento das atividades de
assistência ao romeiro, por meio dos órgãos públicos, entidades
classistas e igreja.
Ontem, foi registrado o óbito do aposentado
Gildo Correia Nunes, de 74 anos, da cidade de Pinheiros, em Alagoas. Ele
veio passar a romaria com filhos e irmãos. A família acredita que ele
tenha morrido de ataque cardíaco. O corpo foi levado ontem, em carro
cedido pela administração local, com acompanhamento de assistentes
sociais.
ComércioMas, a grande
preocupação neste ano tem sido em relação à ocupação das ruas pelos
vendedores do Mercado dos Romeiros. Eles reclamam do pouco faturamento
no local e, com isso, decidiram ocupar os finais das ruas São Pedro e
Padre Cícero, onde há maior fluxo de peregrinos, no entorno da Basílica
de Nossa Senhora das Dores.
O pároco Joaquim Cláudio afirma que
esse é um grande problema, já que vem sendo dificultado, inclusive, o
tráfego de pessoas nessas vias e também na Rua da Matriz, que foi
totalmente ocupada.
No fim da Rua São Pedro, nas proximidades do
Sesc, segundo o padre, pessoas manipulam materiais inflamáveis e as ruas
estão lotadas de barracas com cobertura de lona. "Essa é uma grande
preocupação que nós temos. Vamos solicitar uma ação da Secretaria de
Meio Ambiente", diz.
De acordo com o padre Joaquim, os vendedores
passaram a ocupar as ruas desde a Romaria de Nossa Senhora das Dores,
em setembro do ano passado. Isto tem dificultado muito o trânsito de
carros, motos e pedestres nessas áreas, e também no fim da Rua São José,
no Centro, fechando um dos trechos que dão acesso à basílica.
O
secretário de Cultura e Romaria, Wellington Costa, diz que vários
problemas em relação às peregrinações de Juazeiro estão sendo debatidos,
inclusive, com a humanização do atendimento. Este ano, por meio da
Fundação Memorial Padre Cícero, foi realizada capacitação, nesse
sentido, de guardas municipais, agentes de trânsito e policiais civis.
Outro aspecto é em relação às hospedagens.
O padre Joaquim Cláudio diz que, mais uma vez, os romeiros têm reclamado das condições de recepção na cidade.
LamparinasA
Secretaria de Cultura e Romaria, que este ano planejava distribuir
lamparinas de zinco durante a Festa das Candeias, afirma que a ideia não
foi possível em virtude dos riscos de incêndio, com o uso do querosene.
Porém, irá distribuir 40 mil copinhos, com a imagem da santa, durante o
cortejo.
Uma caravana de 25 pessoas, depois de reservar pousada,
chegou à cidade e não conseguiu permanecer no local, por outras pessoas
já terem ocupado. Eles procuraram a Igreja para reclamar do mau
atendimento.
"É uma realidade em que os proprietários desses
espaços devem ter a consciência em relação aos fieis, que vêm de cidades
distantes para participarem da romaria", afirma.
Os tempos de
seca no Nordeste são um estímulo a mais para os romeiros da "Mãe das
Candeias" procurarem Juazeiro do Norte, onde realizam promessas. O
principal pedido é por chuvas no sertão. Uma dessas milhares de súplicas
vem do agricultor da cidade de Arapiraca, José Pedro dos Santos.
Ele
afirma que nunca tinha vivenciado uma estiagem tão extensa, como a que
vem ocorrendo em sua cidade. "Atualmente, tenho feito o trabalho de
pedreiro para sobreviver. Quando a chuva chega, vou para a roça", diz
ele, com esperança.
Segundo o produtor, há uma incerteza muito
grande em relação ao inverno deste ano. Porém, o que vale mesmo é a fé,
para que "Deus mande chuva para todos".
PúblicoA
estimativa do número de romeiros até amanhã na cidade é de cerca de 400
mil pessoas, de acordo com o padre Joaquim, da Basílica de Nossa
Senhora das Dores. No entanto, a Secretaria de Cultura e Romaria estima
um público em torno de 280 mil pessoas durante todo o período de
festejos católicos.
Os números, mesmo não sendo próximos,
demonstram, segundo o pároco, que há um processo crescente de romeiros
que chegam à cidade.
Desde o último fim de semana, os caminhões,
ônibus, e paus-de-arara não param de chegar, com romeiros de Estados
como Alagoas, Pernambuco, Piauí, Paraíba, Maranhão, Sergipe e outras
localidades do Brasil. Todos querem pagar promessas, em agradecimento às
graças alcançadas na vida.