sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Resultado do prêmio literário Escritor Flávio Paiva 2015





A aluna Irislene Dias Lima, da EEEP Maria Altair Saboia foi a primeira colocada do Prêmio Literário escritor Flávio Paiva - 2015


O Primeiro colocado ganha um Notebook, o segundo colocado ganha um Tablet e terceiro colocado uma caixa de som com pendrive.

Os prêmios serão entregues aos três primeiros colocados no dia 22 de agosto às 19hs – Espaço Cultural História Viva – Casa da Memória & Estação Leitura, antiga RFFSA com a presença do Escritor Flávio Paiva.

Prêmio

O 7º Prêmio Literário Escritor Flávio Paiva foi realizado durante o dia 01 de abril a 15 de maio nas escolas públicas e particulares do município de Independência, entre os alunos de 12 a 17 anos.

O tema escolhido foi “Cuidar da água, Cuidar da vida”. O aluno poderia concorrer nas seguintes categorias: Crônicas, Poesias, Contos e Literatura de Cordel.

Veja a relação dos dez primeiros colocados:


quinta-feira, 7 de maio de 2015

Escola Profª Maria Júlia Fialho tem o maior número de alunos inscritos do prêmio Literário Escritor Flávio Paiva - 2015



No último dia 30 de abril encerraram as inscrições do VII° Prêmio Literário Escritor Flávio Paiva, o tema é “Cuidar da água, cuidar da vida” para alunos nas escolas públicas e particulares no município, de 13 a 17 anos que estejam matriculados nas escolas, as inscrições foram feitas nas escolas.

O objetivo do prêmio é incentivar a leitura e, principalmente, a valorização de novos escritores, serão aceitos trabalhos nas categorias: Crônica,Conto, Poesia e Literatura de Cordel, como forma de estímulo à liberdade criativa, podendo a premiação do 1º, 2º e 3º lugares ser em uma só categoria ou em categorias variadas, de acordo com a decisão irrevogável do Júri.

Para o 1° colocado a premiação é um notebook e a E.E.M.F Profª Maria Júlia Fialho foi a que teve mais alunos inscritos. 

Abaixo a relação das escolas e a quantidade de alunos inscritos:

E.E.F.M Profª Maria Júlia Fialho – 104 alunos inscritos;
E.E.M Dep. Jerônimo Alves de Araújo – 92 inscritos;
Escola Profissionalizante Maria Altair Saboia – 61 inscritos;
EE.E.F. Abigail Antunes Marques – 33 inscritos;
Escola Coração de Maria – 25 inscritos
Escola Dom Fragoso – 17 inscritos;
E.E.F José Ferreira do Santos – 15 inscritos;
Ginásio Santana – 10 inscritos.
Escola Pequeno Príncipe – 09 inscritos;

sábado, 25 de abril de 2015

Biblioteca Comunitária Estação Leitura visita as escolas municipais em Independência


A Biblioteca Comunitária Estação Leitura, que pertence a ONG História Viva iniciou um Projeto Itinerante levando a Biblioteca nas Escolas. A ideia surgiu da Lidiane Costa (membro e funcionaria da Biblioteca) o projeto já começou a visitar as escolas de período integral. A biblioteca conta com um rico acervo da literatura e esse ano traz uma novidade, para trabalhar com os pequenos, o Prêmio Literário Escritor Flávio Paiva com o tema: Cuidar da Água, Cuidar da vida.  Os alunos participam de um ambiente de leitura onde acontecem interações entre aluno-aluno e professor-aluno.

O projeto leva até as escolas e creches um baú de livros onde os alunos além da leitura dos livros participam das histórias contadas, que por meio dos contos, conscientiza os alunos sobre o uso da água, para não desperdiçar e zelar pelo planeta.

As atividades de intermediação da leitura tornam o currículo mais eficaz e orientado para um melhor desempenho individual e coletivo na formação do futuro cidadão.


Lidiane Costa com seu baú já visitou várias escolas, entre elas o Pequeno Príncipe, Escola Santana, Escola José Ferreira de Melo e Fundação Senhor Pires.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Escritor Flávio Paiva comenta sobre a importância da leitura.


VIIº Prêmio literário Escritor Flávio Paiva com inscrições abertas


As inscrições para o 7º Prêmio Literário Flávio Paiva, no município de Independência, prosseguem entre os dias 13 até 24 de abril e podem ser realizadas na sede da organização não governamental (ONG) História Viva ou nas escolas da cidade. Podem participar alunos entre 13 e 17 anos que estejam matriculados em escolas públicas e particulares do município.

O nome do prêmio é em homenagem ao escritor e jornalista Flávio Paiva. Nascido em Independência, Flávio é autor de livros nas áreas de cultura, cidadania, gestão compartilhada, mobilização social, memória e infância. Oito dos seus livros são dedicados ao público infantil.

As categorias para inscrever os textos são crônica, conto, poesia e literatura de cordel. Cada participante pode inscrever até três trabalhos inéditos, não importando a categoria. A banca julgadora é formada por professores e escritores da região, que trabalham de forma voluntária.

Serviço

Prêmio Literário

Inscrições: até 24 de abril, das 8h às 12h e das 14h às 17h.
Divulgação da lista dos vencedores: 1 de agosto
Premiação: 15 de agosto

Informações: ONG História Viva - Casa da Memória e Estação Leitura (Rua Cícero Justino, S/N – Centro, Independência-CE)

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Memórias de cem anos

O Quinze foi seco que morria tudo: gente, mato, bicho. Depois de muito tempo sem ver céu bonito pra chover, o jeito era acreditar que o inverno ainda poderia começar em abril. Nada, só água findando e criação morrendo. Quando acabava milho e feijão, era hora de partir. Uma legião se retirava a pé pelos caminhos estreitos quando estrada quase não tinha. Eram famílias inteiras que batiam às portas de casa para viajar atrás de ração de comida, ajeitando os meninos todos em fila e revezando ora a pé, ora no lombo do jumento.


Percorriam as chapadas catando mucunã, pau-de-mocó, xique-xique e maniçoba para fazer a mistura. Iam deixando pela beira das estradas irmão, pai e filho que não conseguissem resistir à fraqueza. Mãe doava menino para que não morresse de fome. O sofrimento era tanto que saiu de 1915 para ressignificar o sertão. E aquela seca, que sertanejo só chama d’O Quinze, deixou de ser fenômeno para virar adjetivo de comparação a todas as outras que vieram desde então.

“Foi a maior seca que houve na história do nosso mundo”, diz Sebastião Gomes de Souza, 67. O Quinze quase não deixou homem quieto no sertão, os caminhos enchendo de casa abandonada na busca por alimentação. O pai de Sebastião tinha cinco anos, mas o ocorrido só contou mesmo de ouvir o pai dele dizer. As famílias saíam andando, e o povo ia morrendo aos poucos, de fome e de sede. Durava o tempo de cansar para sempre e ter a alma encomendada por um bendito improvisado ali mesmo na estrada, dois paus amarrados em cruz para marcar o lugar da morte.

“Nessa estrada aí tem muita cruz das pessoas que regressavam no mundo atrás de recurso e de trabalho nesse tempo. E aí, se esse ano for como tão agourando, uma seca cruel, rapaz, eu vou lhe dizer uma coisa: é no caminho de se acabar tudo”, diz Sebastião. E acrescenta saber que nada no mundo prospera sem água, mas para o agricultor riqueza maior é a terra: “Porque nós sabe manejar. Toda vida trabalhemo foi assim mesmo. A vida no Ceará sempre foi dessa maneira: um ano bom, dois ruim. Aqui pra cima só quem sabe é um. E o que ele faz não manda dizer pra ninguém. Não vai escrever. Se tiver um invernozinho que aumente um pouquinho nosso depósito d’água e crie alimentação, tá bom. Se escapar o que nós tem, já tamo é rico”.

Vontade de comer Sebastião já passou muito, por isso ergue as mãos para cima agradecendo que, diferente do outro Quinze, hoje não vê gente passando fome. Seca como aquela, só a de 77, quando a família repartia a rocinha plantada na beira do açude com quem passasse precisão. Hoje, só divide a água do açude próximo ao assentamento onde mora, em Tamboril. “Enquanto tiver, a gente reparte né? E aí minha vida tem sido assim, desejando que chova o quanto for pra gente atravessar outro ano. E se Deus e Nossa Senhora quiser, mais outro e mais outro”.

Cem anos depois d’O Quinze, as pessoas pouco precisam deixar suas casas. Os programas sociais do governo vêm dando conta de evitar que o sertanejo inche de fome. Essa diferença dos dois quinzes derrama lágrima no sertão quando se fala em prato de comida. Isabel Santos de Souza cresceu em Tamboril, ouvindo a mãe recontar as histórias dos avós sobre a grande seca. A prosa passeava pelo alimento: o mucunã era lavado em nove águas porque tinha veneno, depois era pilado para fazer um cuscuz; a maniçoba era ralada como se fosse batata para dar a goma do pão; o pau-de-mocó tinha a raiz retirada e pisada para poder virar alimentação. “Quando minha mãe contava essas coisas, eu imaginava: Meu Deus, como é que eles comiam pau-de-mocó?”, pergunta Isabel. Mas as plantas do mato ainda marcavam tempo bom. Naquele 1915, os retirantes comiam na estrada o que aparecia: de couro de bicho cozido e sola sapecada à criação morta disputada com urubus. Não era raro gente morrer e matar em disputa por ovelha para comer. O desespero era tanto que atravessaram gerações as histórias dando conta de filha moça vendida na estrada ou de mãe que doava o filho para evitar vê-lo morrer de fome.

“A fome era tão braba que comiam animal, burro, até gente tentaram comer. Só porque não deu certo. Quando botaram o sal, a carne desmanchou. Aí na hora não teve condição não. Eles contam, né?”, diz Domingues de Souza Feitosa, 67. Daquele Quinze, ele guarda o que ouvia o bisavô contar. Era bem diferente de hoje, que ele consegue manter a família vendendo o cheiro vende plantado no quintal de casa, na zona rural de Tamboril. N’O Quinze, se tirava a comida dos matos porque não se sabia produzir outros tipos de alimentação nem reaproveitar a água. “Aí quando vinha a seca, se acabava a alimentação, e eles iam passar fome”, diz. Mesmo quando tinha ação do governo, era para beneficiar patrão ou juntar os retirantes em campo de concentração para morrer.

“Hômi, O Quinze foi a seca mais perigosa do mundo”, Zé Favela ouvia a mãe contar no Tauá. A graça de hoje, ele diz, é perceber que não precisou enfrentar seca grande assim. “Minhas secas já eram boas. Não passei muita precisão porque os hômi do governo já tinham coragem de dar comida pra gente. Certo que o arroz era ruim e o feijão preto a gente botava na panela e ficava nadando, pelejava pra cozinhar. Mas vinha o de comer”.

Na localidade de Viração, em Tamboril, Raimundo Pereira da Luz Santos senta em uma cadeira de plástico no alpendre alto de casa. Ele passa as mãos repetidas vezes pelos cabelos brancos já escassos para depois repousá-las cruzadas sobre a barriga. Aperta os olhos para o terreno que rodeia a casa, curvando de vez em quando o corpo para a frente, como se tentasse absorver em memória a paisagem seca. As lembranças já lhe falham aos 90 anos e a seca parece que virou uma só, emendando as de 15, 32, 48, 54. Do que ele conta, há histórias que viveu e outras que apenas ouviu, mas todas elas remontam à desolação que seguiu depois d’O Quinze no sertão. “Nesse tempo tava muito seco, não tinha o que comer nem pra bicho, muita gente passando fome”, ele diz. Seus antepassados quilombolas chegaram ao sertão dos Inhamuns no tempo em que a maioria fazia o caminho inverso fugindo da seca. Mas, depois de conseguirem sobreviver às lutas indígenas na região de Baturité, restou-lhes a opção de resistir naquela terra seca. Ali, fazendo o percurso serra-sertão em tempo de verão e inverno, resistem há cem anos. Foi ali que Raimundo aprendeu a decifrar terra e ler aviso de chuva. “Nas minhas experiências, não vai ter inverno não. Eu tô pedindo a Deus que tenha pelo menos água e uma forragenzinha, mas inverno pra dar milho e feijão não vai ter não”.

No município de Pedra Branca, já no Sertão Central do Ceará, Antônio Francisco de Lima,64, viciou em conversar com gente antiga, recontando os causos em cordel. D’O Quinze, sempre ouviu que foi a maior das secas, a que espalhou o perigo do fogo do fim do mundo no sertão. Os mais velhos diziam aos mais novos: “Talvez seja o fim. Já tá se acabando os animais, depois acaba o resto”. A profecia não concretizou, e Antônio ainda viu, criança, o estrago da grande seca de 70 contrastar com as histórias que ouvia da era chuvosa de 60. “O povo com necessidade, e fiquei perguntando: Meu Deus, porque é que tem dez anos de bom inverno e o pessoal não tem como passar um ano sem sofrimento?. Alguma coisa eu acho que tá errada até hoje”

Beatriz Jucá
Repórter

FONTE: DN ONLINE

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

INVOCADO - A força e o gozo da intermistura

(RIvista do Mino nº 154, p. 20, jan2015)

INVOCADO - A força e o gozo da intermisturaArtigo publicado na RIVISTA do MINO nº 154 (Editora Riso), p. 20Edição de janeiro de 2015 - Fortaleza, Ceará, Brasil
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FAC-SÍMILE
rivista_invocado
Publiquei, nos últimos dez anos, cinco livros-CDs infantis e infantojuvenis, quatro pela Cortez Editora e um pelo Armazém da Cultura. Como percebo que essa combinação produz ótimos impulsos facilitadores do envolvimento das crianças, decidi fazer o livro-CD “Invocado – um jeito brasileiro de ser musical” (Armazém da Cultura) no mesmo formato, para jovens e adultos. A novidade nesse novo trabalho é que, ao invés de o CD ser encartado na parte interna do livro, ele faz parte da própria capa, assumindo um papel de ilustração e de suporte de áudio a um só tempo.
Mais do que sobre música, espero, com o “Invocado”, estar contribuindo para uma discussão sobre a centralidade no âmbito da cultura, ante os novos tempos e os novos modos de formação de atores sociais, nas suas dimensões de sociabilidade, comunicação, consumo autoral, intercâmbios afetivos, atemporalidade e multietnicidade. O que estou propondo com esse livro-CD é uma superação da sucessão linear e fechada do acesso descendente e empobrecedor da nossa relação com a música.
A chave do Invocado é a força e o gozo da intermistura. Por ser um ensaio-memorial, com variantes etnográficas, senti a necessidade de ilustrar minha fala agregando músicas que potencializassem o discurso. Dai um repertório colhido do etos cearense, num espectro capaz de ir desde Abidoral Jamacaru a Alberto Nepomuceno, passando por Luís Fidelis, Xerém, Evaldo Gouveia, Messias Holanda, Neo Pinel e Petrúcio Maia.
Na busca de nodos referenciais, em dia com os rearranjos sociais vividos atualmente no Brasil, comecei a pensar em um conceito que pudesse representar o domínio da vontade frente o disfarce. Foi então que procurei o Orlângelo Leal, da banda Dona Zefinha, e desenvolvemos juntos o conceito de invocado, como alguém inventivo, que resolve, que vai além das expectativas, e que tem a capacidade de contemplar as belezas do mundo e de invocar o canto das musas.
Para a produção musical do CD, convidamos um velho parceiro, o André Magalhães, paulistano bom de brasilidade, que está morando no Ceará. O André propôs e a Dona Zefinha topou de pronto gravar tudo sem fones de ouvido, equilibrando os diversos instrumentos na acústica de uma mesma sala, onde os músicos puderam se expor de forma criativa, deixando florescer a versão de cada música. E nessa invocative entrou banjo, rabeca, pife, ferros, pandeiro árabe, pandeirão, pilão, sementes, vassoura na tabua de roupa e metais, dentre outros instrumentos. O Gustavo Portela participou de algumas gravações tocando baixo.
A ideia de convidar uma cantora africana, de uma região fora da corrente congolesa, tão presente na música oficial brasileira, está exatamente vinculada à proposta de dar visibilidade a outros brasis e outras áfricas da nossa cultura musical. E a excelente cantora e dançarina Fanta Konatê, que gentilmente aceitou participar do nosso projeto, é um exemplo de artista autêntica do oeste africano, comprometida com a música no sentido “invocado”.
Parto do princípio de que o fato de desperdiçarmos a excepcional riqueza da ampla produção musical brasileira não é um problema da música, mas de complacência social. O pior é que, paralelo a isso, tenho a convicção da importância da música no caráter existencial da nossa alma miscigenada. Se eu estiver certo, temos um paradoxo cultural a resolver. Há mais de um século, o maestro Alberto Nepomuceno percebeu essa questão e trabalhou para potencializar as bases multiétnicas e abertas da nossa música.
Acontece que a historiografia e a indústria cultural, com o patrocínio dos governos Vargas e Juscelino, decidiram, primeiro com a chegada do rádio e depois a da televisão, modelar e propalar, de modo desconexo e fortuito, o samba e a bossa-nova como vórtices da nossa música, reduzindo a potência da música instintiva e orgânica que reverbera por dentro da experiência brasileira.
Embora os exemplos que utilizo no livro-CD estejam concentrados em obras de autores e intérpretes cearense, falo de música brasileira. A música feita no Ceará é música brasileira. O “Invocado” é um fenômeno da brasilidade. As influências políticas e mercadológicas fazem parte dos processos culturais tanto quanto a liberdade de aceitar e rejeitar o senso dominante. A sociedade das comunicações em redes está necessitando de opiniões divergentes, a fim de poder observar outras configurações, que não as de traços prevalentes. É saudável, pois alimenta utopias