sábado, 26 de janeiro de 2013

Cotistas e demais estudantes têm desempenho igual



Em alguns cursos, a performance dos que ingressaram através da Lei das Cotas foi superior à concorrência

No curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), o mais procurado de todo o País, os resultados mostraram que a nota obtida pelos estudantes cotistas ficou apenas 22 pontos abaixo dos demais concorrentes FOTO: JOSÉ LEOMAR

O desempenho dos estudantes que se encaixam nos critérios da Lei das Cotas, a Lei Federal nº 12.711, e ingressaram na Universidade Federal do Ceará (UFC) ou Instituto Federal do Ceará (IFCE) foi semelhante ao dos candidatos que faziam parte da ampla concorrência.

De acordo com o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Ministério da Educação (MEC), a UFC foi a instituição mais procurada de todo o País. De todos os seus cursos, Medicina foi o que mais atraiu candidatos. Nesse curso, por exemplo, a nota dos cotistas ficou apenas 22 pontos abaixo dos outros estudantes.

"De forma geral, as pontuações dos cotistas foram próximas a de quem fez parte da ampla concorrência. Em alguns cursos, quem fazia parte da Lei das Cotas teve um desempenho melhor do que o restante", afirmou o coordenador do Sisu na UFC, Miguel Franklin.

Ele comentou que o número de vagas ofertadas através da Lei Federal nº 12.711 ainda é pequena, apenas 12,5%, e isso faz com que seja normal essa pequena diferença entre as notas de corte dos candidatos.

Porém, Franklin ressaltou que essas pontuações obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também são um reflexo dos bons cursos de ensino médio que existem no Estado. "A escola do Corpo de Bombeiros é um bom exemplos", frisou.

O coordenador do Sisu na UFC acredita que apenas quando a universidade reservar 50% das vagas para os alunos que cursaram todo o ensino médio em escolas públicas ou são carentes poderá ser feito um panorama. "Tudo isso ainda ficará bem maior, pois hoje são 12,5% e temos até 2016 para ofertar metade das vagas para os cotistas", avalia.

IFCE

As notas dos candidatos que entraram no IFCE através da Lei foram semelhantes ao de quem fez parte da ampla concorrência. No curso de Licenciatura em Química do campus de Iguatu, as notas de corte foram de 618,4 pontos para ampla concorrência e 611,4 para cotistas.

Já em Licenciatura em Educação Física de Juazeiro do Norte, a nota de corte da ampla concorrência foi 614,1 e 600,2 para quem se encaixa na Lei Federal nº 12.711.

De acordo com o pró-reitor de Ensino do Instituto Federal do Ceará, Gilmar Lopes Ribeiro, em alguns dos cursos a diferença para as pontuações foi de apenas 2%. "Com essa proximidade das notas, podemos ver que o nível de ensino da instituição não será alterado, pois foram os melhores que se classificam".

Para o pró-reitor de Ensino, apesar desses resultados, os alunos de escolas públicas vão cobrar um ensino melhor de suas instituições. "É possível que no futuro aconteça o inverso e os cotistas tenham notas de corte mais altas que os outros candidatos", declarou.

Dessa forma, Ribeiro também pensa que, daqui a 10 anos, quando a Lei das cotas for avaliada, ela pode ser considerada desnecessária. "As cotas dão oportunidade para aquelas pessoas que, sem essa chance, não entrariam em uma instituição como o IFCE", completou.

Porém, ele destacou que uma avaliação precisa dessas pontuações de todos os estudantes poderá ser realizada somente após o próximo Enem, quando "comparações poderão ser feitas".

THIAGO ROCHA
REPÓRTER

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