Onze
municípios cearenses celebram a festa da Padroeira Senhora Sant Ana, são eles:
Independência, Tiangua, Santana do Acarau, Santana do Cariri, Iguatu, Mucambo,
Jati, Jaguaruana, Eusébio, Paramoti, Varjota.
O
Tema deste ano, em Independência foi: Com Santana adultos na fé, fiéis as raízes comprometidos com
a realidade. Ratificando
a importância do fortalecimento da fé, espiritualidade, palavra de Deus,
doação, caridade, amor ao próximo e reencontro familiar.
Julho
é obrigatoriamente roteiro de férias como turismo religioso em nossa cidade.
Como
é emocionante rever familiares, amigos, parentes, pessoas que por convite de
terceiros e ou curiosidade participam de missas, novenas, confissões.
Quantos
casamentos, pessoas vindas de tão longe, somente para batizarem seus filhos.
Outros que lembravam de quando moravam nas regiões Sul e Sudeste, ligavam
ansiosos para os velhos telefones públicos na esperança de alguém atende-los
para ouvir o Hino de Nossa Padroeira.
Quantas
promessas alcançadas, vestimenta em tecido de algodão, os pés descalços, a
procissão acompanhando a imagem de Sant Ana até a residência contemplada com a
presença de nossa avó.
Cada
novena, um tema, um público especifico para os mesmos corações que ano, após
ano, retornam a cidade amada com novas gerações, dando continuidade o
amadurecimento de nossa fé.
Há
alguns anos era dentro da Igreja, que aos poucos foi ficando pequena para o
tamanho da fé e o aumento dos fiéis.
Dentre
idas e vindas para a terrinha amada.
Cada
um leva em sua mala: emoções, lembranças, saudades...e o pedido a Deus e nossa
Senhora para o retorno no próximo ano.
Como
foi importante conhecer e relembrar a cada dia uma árvore da caatinga, sua
importância nativa e medicinal como bem imaterial. A valorização as nossas
raízes, nossos valores culturais, nossas riquezas naturais.
Quantos
anos temos de paróquia e a mesma dedicação.
Especificamente,
neste ano, lembrei muito do Pe Miguel e suas celebrações às 7h da manha de
domingo, para as crianças, igreja lotada com cânticos como: só entra no céu,
quem for como criança...o evangelho, aprendíamos a rezar o terço... e a
preparação na Casa Paroquial, onde nos incentivou ao habito da leitura,
desenvoltura e reflexão da palavra de Deus.
Aos
sábados íamos ao catecismo na casa de D Mocinha, a partir das 14h. Lá no
primeiro dia de catequese aprendi a reza: Eu Pecador(aos 10 anos de idade).
Senhora tão calma, voz mansa, e sempre com gentileza e sorriso nos lábios a nos
receber. Cordial até na hora de exigir disciplina e bons hábitos de todas
aquelas crianças que sozinha andavam pelas ruas(Cruzeiro, Santos Dumont, João
Facundes...) tranquilamente. Aprendemos com ela: os 10 Mandamentos da Lei de
Deus, 7 Sacramentos da Igreja, Pai Nosso, Ave Maria, Salve Rainha, Credo, Ato
de Contrição...
Café
da manha na horta, com as crianças
Os
cuidados de limpeza de zelo do Sr Antonio Rita e sua esposa. Sempre que íamos
para lá havia, sobre o chão de cimento bem limpo e encerado, muito arroz para
ser descascado, quintal bem varrido e muita manga no pé, sendo nossa hora do
recreio, indo finalizar nos algarobas perto do batalhão, juntando vagens...
No
ano de seca íamos para os cacimbões buscar água para nossas casas...
As
18h éramos convidados a rezar o terço na Igreja e sempre com as mesma pessoas
que já tinham seus mistérios divididos por cada família: D Genilson e Mampu, Dr
Rosa e D Hozana, D Expedita, Tia Maria do Carmo, D Alfra(que também cantava ),
D Iracema, Fifia, D Rimunda Moura, D Hozanira, D Beta...sem esquecer o cantar solitário
da Sr Alzira Rita que nos festejos de Julho acompanhava diariamente a Banda de
Musica da cidade. Animando: alvorada, queima de fogos...
D
Elza rezava em casa, pela dificuldade de locomoção em sua cadeira de rodas, com
D Terezinha, D.Izabel, D.Sinhazinha, D.Zilmã, Branca, D Fatima...e para animar
a rua, surgia o barulho da buzina do jipe do seu Jari.
Eu e
meus quatro irmãos ficavamos brincando nas calçadas esperando meu pai, que era
caminhoneiro chegar para poder com ele compartilhar todos aqueles momentos. De
longe reconhecia a buzina da mercedez azul dele, que diferenciava, dos outros
carros: Chiquinho Viana, Seu Abdias, Ze Wilson, Ivan...
Ele
pouco participava das missas conosco, era mais minha mãe. Que dedicou 11 anos
de sua vida indo conosco para festinhas infantis.
Hoje
temos a benção do terço dos homens.
A D
Maria Ines Pires de Sabóia, vinha todos os anos do Maranhão para Independencia,
trazendo grandes ofertas e contribuições para nossa paróquia, desde os
folhetins e livros da novena, a jóias, colares de pérolas a serem
leiloados...tudo em prol da Igreja. E seu amigos e convidados ilustres que a
gentil senhora os traziam para conhecerem nosso município e para ele poder
contribuir de alguma maneira. Levou muitas pessoas oportunizando melhores
condições de vida, com estudo, excelentes empregos, bons casamentos... Até hoje
é lembrada como exemplo de caridade, dedicação e amor ao próximo. Proporcionava
excursões para o MA, muitos puderam conhecer seu orfanato, seleto ciclo social,
o governador da época Lobão, fábrica de alumínio, melhores restaurantes e muito
mais...
Acontecia
as rifas de galinha caipira, bolos...por trás da Igreja.
Seu
Amorim, com andar compassado e puxando de uma perna tocava pontualmente o sino
que ainda hoje eco em mim com doces recordações de uma infância feliz,
inocente, com um caminhar na fé e espiritualidade. Cada batida do sino
diferenciava o chamado para as missas e o convite a velar os falecidos na
Igreja Matriz. Uma espécie de código que toda a população atenta as badaladas
entendiam o chamado
E o
som do Violão do Seu Berto, hoje dedilhado pela animada entonação de seu neto
Bruno, que continua com face de menino meigo.
Cada
missa com a coragem de criança, ia até a fila na hora da comunhão na vontade de
receber a hóstia e o Pe perguntava se já havia feito a 1Eucaristia, colocando a
mão sobre minha cabeça eu voltava para meu lugar, no segundo banco defronte ao
altar, do lado esquerdo do Pe. Até que enfim, chegou o grande dia. Minha
primeira Eucaristia, das mãos do Pe machado, recebia a esperada hóstia molhada
no vinho, simbolizando corpo e sangue de cristo, em coletividade na rua São
Vicente, eu com vestido branco igualzinho de minha irma caçula Keuma, como a
chamo. Daquele dia em diante o Pe falou para todos que não se ausentassem de
Deus, da missa e permanecesse Igreja em cada um de nós. Muitas crianças
deixavam de participar das missas depois da 1 Eucaristia e pediu para levantar
a mão quem não iria ficar distante de Deus e todos os ali presente levantaram o
braço.
Ouvia
muito falar na irmã Lucinda e religiosidade das família do Sr Joaquim Mota e
Joaquim Augusto.
Todo
fim das férias, as professoras das Escolas Reunida e Ginásio nos pediam para
descrever sobre os festejos. Cada um tinha uma novidade para contar e em todas
elas era mencionadas: as brincadeiras no parque, sorvete do seu Criança e os
brinquedos recebidos, quem mais participou da celebração das crianças, novenas
e missas...O mais ousado participou como iniciante de escoteiro com o Sr
Garrincha e todos iam após a missa comer o delicioso pão de coco, da padaria do
seu Badeco. Era uma curiosidade natural da época e uma pergunta que não queria
calar: quem ganhou mais presentes nos festejos, dos parentes que moravam fora
da cidade, estado e traziam roupas, calçados que na cidade não tinha para
vender. E o campeã era respeitado e chegava a ser líder de sala e mandava nos
demais porque tinha um relógio ou tênis diferente.
Hoje
a tecnogia, moda, acesso a informações é universal e não precisamos ir a
capital para adquirir vestimentas, acessórios...nossa cidade tem o bom e o
melhor para todos.
Cada
independenciano tem uma historia peculiar, uma recordação, um bom motivo para a
cidade retornar, principalmente para saudar nossa Padroeira Senhora Sant Ana.
Muitos nem se sentem visitantes, pelo amor e forte elo de ligação entre família,
espiritualidade, passado, amigos e vida presente.
E no
desfecho das novenas, todos levam na bagagem um mesmo desejo: o de retornar no
próximo ano, sob as bênçãos de nossa avó.
Que
possamos continuar amadurecendo na fé, espiritualidade, caridade, palavra de
Deus, fazendo o bem ao próximo.
Que
o ano de 2013 seja o melhor para nós, para sermos melhores no mundo.
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