Conhecimento e diploma não são sinônimos, sequer têm correlação positiva, mas para os brasileiros o diploma vem sempre em primeiro lugar, o conhecimento pode vir depois. Pode-se afirmar sem medo de errar que este é um dos principais traços de nossa cultura que condenam a educação nacional ao fracasso, tão bem retratados e mostrados pelos diversos sistemas de avaliação e testes internacionais de desempenho. Nós amamos, profundamente, os diplomas. Não temos o mesmo sentimento para o conhecimento, para o saber. Não são poucos os que confundem diplomas com conhecimento. E pior, valorizam mais os diplomas e títulos. Há um verdadeiro abismo, no Brasil, entre se ter um diploma e ter tido as chances reais de desenvolver habilidades, competências e perícias para o exercício de uma vida produtiva e próspera.
O amor ao diploma e a rejeição ao conhecimento estão na base do entendimento e do comportamento do brasileiro. O mérito é valorizado somente em seus aspectos formais, a questão é possuir um diploma ou não. Para avançar, é preciso reiterar o esforço, os métodos, a disciplina necessária para aprender. O Brasileiro acha que é possível aprender sem estudar. Isso está em nossa raízes, em nosso comportamento frente ao conhecimento e aos diplomados. Idolatramos o diploma, detestamos o conhecimento e fugimos do esforço e da responsabilidade por resultados educacionais. Essa mentalidade é de todos, pobres, remediados ou ricos. Por incrível que possa parecer, os pais de estudantes da rede pública de ensino fundamental aprovam o ensino ministrado aos seus filhos e, ainda, tascam um oito como nota para a qualidade das escolas públicas, segundo pesquisa do INEP, de 2005.
Em outros termos, os pobres, em particular, percebem a importância da educação, mas não tem condições de avaliar o que os seus filhos estão aprendendo, pois eles mesmos não têm escolaridade para tanto. Não há pressão social suficiente por mais qualidade na educação. Essa pressão é, ainda, embrionária em todos os setores da sociedade. Na pesquisa do Inep, os pais deixam absolutamente claro que o maior critério para a escolha da escola em relação á residência. Definitivamente, devemos superar a ideia de diplomar sem educar. Lutar contra esse comportamento e valorizar quem sabe e o saber, pois, do contrário, o sistema educacional pode desmoronar como um castelo feito de cartas.
Carlos Henrique Araújo – Sociólogo e consultor para politicas de EducaçãoRevista Fale! Março de 2009 nº 58.
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