terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

México descobre ossadas de 800 anos em cemitério pré-hispânico

Arqueólogos do Instituto Nacional de Antropologia e História, órgão ligado ao governo mexicano, escavam ossadas em San Andres Cholula, no Estado de Puebla. O órgão descobriu um cemitério pré-hispânico de 800 anos com, ao menos, 63 cadáveres - outros 22 esqueletos ainda passam por análise José Castañares/AFP
Arqueólogos mexicanos descobriram vestígios que poderiam ser de um panteão pré-hispânico no Estado de Puebla, em San Andres Cholula, segundo o arqueólogo Carlos Cedillo, encarregado pelas explorações no local. Até o momento, os especialistas encontraram 63 cadáveres e estão analisando os ossos que poderiam ser de outros 22 indivíduos.
Trata-se da maior descoberta de ossadas pré-hispânicas na região, de acordo com o arqueólogo. Os restos seriam correspondentes ao período pós-Clássico Médio, de uma antiguidade de cerca de 800 anos.
"As ossadas se encontram na mesma área, muitas delas em bom estado. Podemos falar em um panteão pré-hispânico: à primeira vista, temos desde crianças até adultos, mas o laboratório nos dará com precisão as idades. É uma descoberta muito relevante", acrescentou Cedillo, arqueólogo do Inah (Instituto Nacional de Antropologia e História), órgão ligado ao governo mexicano.
Cristina García/Inah/Divulgação  
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Os arqueólogos estudam a qual cultura pertenceria o panteão e devem determinar se são Olmecas-Xicalancas ou Chichimecas, civilizações que se assentaram naquele período na região.
De maneira aleatória, os arqueólogos abrem poços em busca de vestígios nas ruas que passarão por obras. Em caso de encontrar algo com valor histórico, a zona é isolada para retirar o que foi descoberto.

Fonte: UOL

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Hospital inaugurado há um mês com show de Ivete culpa vento e chuva por queda de fachada

Fachada que desabou em hospital de Sobral (CE) inaugurado há um mês com show de Ivete
Fachada que desabou em hospital de Sobral (CE)

O hospital foi inaugurado com a presença do governador Cid Gomes (PSB), que é natural de Sobral, e com show da cantora baiana Ivete Sangalo. Na ocasião, o governo do Estado anunciou a obra como "o maior hospital do interior do Nordeste" e deu à inauguração tom de "festa para 1,5 milhão de habitantes dos 55 municípios da região norte do Ceará".

O consórcio Marquise-EIT divulgou na noite deste domingo (17) nota sobre o desabamento da fachada do Hospital Regional Norte, ocorrida mais cedo, em Sobral (240 km de Fortaleza), na qual atribuiu à chuva e aos fortes ventos o incidente.Um funcionário da manutenção da unidade ficou ferido, mas sem gravidade.
"O consórcio construtor do Hospital Regional Norte de Sobral informa que o vento e as fortes chuvas que atingiram a região neste final de semana abalaram a estrutura metálica de uma das fachadas do equipamento, cuja calha de drenagem se encontrava em reparo no momento do incidente de hoje", diz a nota.
O consórcio Marquise-EIT salientou ainda que está prestando "toda a assistência necessária ao operário que sofreu escoriações e que irá apurar com rigor as causas do ocorrido". A nota também diz que "após criteriosa avaliação técnica no local, já providenciou a remoção da estrutura, estimando que todos os reparos necessários estejam finalizados em até 20 dias".

Hospital foi inaugurado com governador e show de Ivete Sangalo

Com "57. 813,70 metros quadrados de área construída, 70 leitos de Terapia Intensiva (UTI) do total de 382 leitos, 1.641 profissionais de saúde e equipamentos modernos", segundo informações oficiais, o HRN recebeu inevestimentos de mais de R$ 227 milhões entre recursos estaduais e de financiamento com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) --R$ 167.726.634,10 para obras, e R$ 59.429.435,57 à aquisição de equipamentos.
Já o cachê pago a Ivete Sangalo pelo governo do Estado do Ceará, no valor de R$ 650 mil, está sob investigação do Ministério Público de Contas do Estado. Sobral é a cidade natal do governador Cid Gomes (PSB).
Em nota enviada à imprensa na tarde deste domingo, a Secretaria Estadual da Saúde do Ceará (Sesa) informou que o governo estadual já solicitou explicações ao Consórcio Marquise/EIT, que construiu o hospital, a fim de que sejam dadas explicações para o desabamento da fachada do prédio que foi entregue há um mês. O UOL tentou entrar em contato com o consórcio, mas não obteve retorno até o momento.

Chuvas de domingo

De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a chuva atingiu outros 124 municípios cearenses, sendo a Região do Cariri, no Sul do Estado, a mais afetada, após quase dois anos de estiagem. O relatório parcial do órgão aponta que foram mais de 2.270 milímetros de chuva em todo o Estado.

No município de Mauriti, por exemplo, foram registrados 120 milímetros, segundo informações da Fuceme. Já no município de Barro, também no Cariri, as precipitações foram de cerca de 97,2mm. Em Jaguaretama, no Vale do Jaguaribe, choveu 80mm.

Cachê sob investigação

O cachê do show de Ivete Sangalo para a inauguração do HRN (Hospital Regional Norte) Dr. José Euclides Ferreira Gomes Júnior é contestado pelo MPC (Ministério Público de Contas) do Ceará.
O MPC chegou a pedir por meio de petição que a Casa Civil se abstivesse "de efetuar o pagamento". O TCE analisar o processo --que inclui a petição do MPC mais o relatório técnico.
O MPC alegou, à época, que o governo do Estado deveria ter apresentado "três propostas pertinentes ao ramo de atividade em contratação para que se possa demonstrar a justificativa de preço".
Na representação, o MPC pediu que não fosse efetuado o pagamento a Ivete Sangalo até que "se demonstre o cumprimento de todos os requisitos legais e que apresente novos esclarecimentos, juntamente com a devida documentação, que evidenciem que o cachê pago à artista em recentes contratações, tanto pelos órgãos públicos, como na iniciativa privada, se assemelham a proposta apresentada de R$ 650 mil."
A reportagem do UOL conversou  neste domingo com o procurador Gleydson Alexandre, autor do processo contra o pagamento do cachê de R$ 650 mil a Ivete Sangalo, mas ele disse que, "por hora", não tem "nada a manifestar sobre o desabamento da fachada do hospital".
* Com informações da agência Estadão Conteúdo e de Gabriel Carvalho, em Salvador, e Aliny Gama, em Maceió

Fonte: uol

Desaba fachada do Hospital Regional

Um operário, que trabalhava na marquise, ficou ferido durante o acidente que aconteceu no início da tarde

Sobral. A marquise do Hospital Regional Norte (HRN) que dá para a Avenida John Sanford despencou na tarde ontem após a chuva que caiu pela manhã. O incidente aconteceu por volta das 13h15min e atingiu um operário da construtora responsável, mantida pelo consórcio Marquise/EIT.


O desabamento aconteceu exatamente um mês após a inauguração daquela unidade hospitalar

A vítima, que não teve seu nome divulgado, foi levada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), para a Santa Casa de Misericórdia de Sobral onde se encontra em observação, segundo informou a assessoria do hospital. O funcionário da Construtora Marquise foi atingido no ombro, porém não sofreu nenhuma fratura ou machucado grave, segundo o comunicado do hospital.

Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria de Saúde do Estado, o consórcio Marquise/EIT, responsável pela construção do Hospital Regional Norte, após verificar problemas na estrutura metálica que fica na fachada da Unidade de Apoio à Saúde Reprodutiva da Mulher decidiu realizar serviço de ajuste na manhã de ontem. Durante os trabalhos, a estrutura caiu.

Questionamento

Desde que foi entregue ao pública, a unidade de saúde tem mantido uma frequência no noticiário sobre assuntos não relacionamentos ao atendimento aos doentes da região. Ontem fez um mês da inauguração do HRN, que ocorreu com o show da cantora Ivete Sangalo, sendo objeto de questionamento pelo Ministério Público devido ao cachê pago. A cantora teria recebido R$650 mil por cerca de uma hora de show.

Apesar da inauguração, o hospital começou a funcionar apenas na parte administrativa. Ele deve ter todos os serviços implantados até maio deste ano.

O processo de funcionamento começou com a área administrativa, e o prazo final foi anunciado pelo Secretário de Saúde em janeiro, quando esteve presente naquela unidade de saúde, durante o processo de implantação do centro de ensino e pesquisa do Hospital Regional Norte.

Assim, estão sendo aguardada, ainda, a implantação das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). O processo será concluído com a implantação das emergências adulta e pediátrica e da emergência obstétrica marcada para maio deste ano.

A estrutura de ensino do HRN, que funciona também como Hospital Escola, conta com cinco salas de aula, salas de professores, biblioteca e auditório com 220 lugares, no pavimento superior do bloco de admissão de pacientes.

Segundo informações da assessoria de comunicação social da Secretaria de Saúde do Estado, desde 2011 o órgão mantém em parceria com a Escola de Saúde da Família Visconde de Sabóia, cinco cursos de especialização em gestão da saúde e nove cursos de aperfeiçoamento que envolve 1,5 mil gestores da macrorregião de saúde.

Complexidade

Com mais de 57 mil metros quadrados de área e 11 blocos, o hospital é o maior e mais moderno do Interior do Nordeste e atenderá pelo Sistema Único de Saúde (SUS) casos de alta complexidade. Foram investidos R$ 227.157.069,67, com recursos do Governo do Estado e financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), na construção e aquisição de equipamentos para o Hospital que atenderá a população da Região Norte, abrangendo 1,5 milhão de pessoas de 55 cidades.

Além de médicos e 232 enfermeiros, a população terá atendimento do fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, cirurgião dentista, assistente social, nutricionista, farmacêutico, ouvidor, psicólogo.

O consórcio construtor do Hospital Regional Norte de Sobral informou, em nota, que o vento e as fortes chuvas que atingiram a região neste final de semana abalaram a estrutura metálica de uma das fachadas do equipamento, cuja calha de drenagem se encontrava em reparo no momento do incidente. Diz ainda que está prestando toda a assistência necessária ao operário que sofreu escoriações e que irá apurar com rigor as causas do ocorrido, e, após criteriosa avaliação técnica no local, já providenciou a remoção da estrutura, estimando que todos os reparos necessários estejam finalizados em até 20 dias.

Chuvas

O Hospital Regional não foi o único local a sofrer prejuízos com as chuvas de ontem. A cobertura do posto de combustível Princesa do Norte, ainda em Sobral, também desabou, além de vários locais apresentarem alagamentos, como o bairro Cohab.

De acordo com a da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), choveu no município durante o dia de ontem cerca de 20mm. A expectativa é de que o tempo permaneça com o céu nublado a parcialmente nublado com chuvas isoladas em todas as regiões. A Funceme registrou precipitações em 122 municípios na semana passada. Não houve pluviometria muito elevada, mas pela primeira vez, neste ano, ocorreram chuvas generalizadas. Os cinco maiores registros foram em Tamboril (61mm), Choró (56mm), Itapipoca (55mm) e Quixadá (54mm). Além destes municípios, a Funceme registrou no mesmo período chuva acima de 30mm nas cidades de Iracema (49mm), Cruz (47,5 mm), Senador Sá (47 mm), Tururu (42,5 mm), Itapajé (42 mm), Tabuleiro do Norte (37 mm), Banabuiú (36 mm), Jaguaretama (34 mm), Coreaú (33 mm), Itapipoca (32 mm) e Alcântaras (30 mm).

Mais informações:
Sesa
Avenida Almirante Barroso, 600, Praia de Iracema,
Fortaleza
Telefone: (85) 3101.5123
www.saude.ce.gov.br

JESSYCA RODRIGUES
COLABORADORA
 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

'É difícil para o papa aceitar tudo o que a sociedade pede', diz Hummes



PATRÍCIA BRITTO
DE SÃO PAULO

Sucessão Papal De malas prontas para viajar ao Vaticano, o cardeal dom Cláudio Hummes, 78, arcebispo emérito de São Paulo, disse que dificilmente o papa que substituirá Bento 16 mudará a forma como a igreja lida com temas considerados polêmicos, como o uso de métodos contraceptivos, a união civil entre homossexuais e as pesquisas com células-tronco.

"Acredito que será difícil simplesmente dizer sim àquilo que é proposto pela sociedade ou pelos legisladores", disse em entrevista à Folha.

Rivaldo Gomes - 12.out.12/Folhapress
Dom Cláudio Hummes celebra missa em Aparecida (SP)
Dom Cláudio Hummes celebra missa em Aparecida (SP)

Ele defendeu, porém, o diálogo sobre os desafios contemporâneos nos campos da ciência, da medicina e da biologia, e disse que a igreja deve interpretar o Evangelho de acordo com as "situações diferenciadas da história".

D. Cláudio, que também é prefeito emérito da Congregação para o Clero, no Vaticano, é um dos cinco brasileiros que participarão do conclave para eleger o próximo papa e que também poderão ser escolhidos como substituto de Bento 16.

Leia a seguir trechos da entrevista concedida por d. Cláudio Hummes à Folha.

Folha - Como o próximo papa pode evitar a perda de fiéis em países como o Brasil, maior nação católica do mundo?

D. Cláudio Hummes - Quando o papa Bento 16 esteve aqui, foram traçadas muitas propostas nesse sentido. Depois ele insistiu muito na nova evangelização e em que a igreja deve estar muito perto do povo, sobretudo dos mais pobres. Penso que o novo papa continuará também nessa mesma linha, que aliás está sendo seguida aqui no Brasil.

Como funciona na prática?

Ir até o povo e não apenas esperar e atender aquelas pessoas que vêm à nossa paróquia, que vêm nos procurar. Nós é quem devemos organizadamente, de forma preparada, ir ao encontro do povo, visitar o povo, evangelizar o povo. Não numa forma de conflito com as igrejas evangélicas, mas fazendo o nosso trabalho com aqueles que nós batizamos.

O próximo papa poderá mudar a forma de lidar com temas como as pesquisas com células-tronco ou a união civil entre homossexuais?

A igreja não pode mudar o Evangelho que recebeu de Jesus Cristo. Ela deve procurar interpretá-lo e pôr em prática nas situações diferenciadas da história. Sabemos que hoje existem muitos desafios novos nos campos da ciência, da medicina, da biologia. São campos sobre os quais a gente tem que dialogar.
Mas acredito que será difícil simplesmente dizer sim àquilo que é proposto pela sociedade ou pelos legisladores hoje em dia.

O senhor participará do conclave para eleger o próximo papa e poderá inclusive ser votado. Acredita ter muitas chances de ser escolhido?

Eu não acredito. Independente disso, eu espero que [o papa eleito] seja um homem mais novo. Nós tivemos um papa muito jovem, João Paulo 2º, que foi eleito com 58 anos, e depois um papa muito idoso, o Bento 16, eleito com 78 anos. Espero agora que encontremos a média.

Qual seria a idade ideal?

Lá pelos 65 seria uma boa idade, mas isso é um critério menor, não é o prioritário. O importante é que o papa que seja eleito seja um homem de Deus, um homem de fé. Existem bons candidatos.

O senhor acredita que, a partir de agora, a renúncia de papas poderá ser mais frequente?

Acho que será mais fácil para eles tomarem eventualmente tal decisão. Era difícil uma primeira vez depois de quase 600 anos. A gente entende como deve ter sido difícil. Mas já que este papa é muito racional e ao mesmo tempo um santo homem, ele conseguiu tomar essa decisão. Isso de fato abre portas.

Qual será a importância da visita do próximo papa ao Brasil, prevista para julho?

Em primeiro lugar, a própria visita e o encontro com os jovens. Depois o fato de ser um papa recente, e certamente será uma das primeiras viagens, se não a primeira viagem internacional que ele fará, então tanto mais importante. E nós ficaremos muito felizes de tê-lo aqui, porque o Brasil é muito importante.


Editoria de Arte/Folhapress



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Papa Bento 16 anuncia renúncia ao pontificado

Vincenzo Pinto/AFP

Papa Bento 16 anunciou nesta segunda-feira (11) a renúncia ao pontificado, segundo  o Vaticano. Ele deve deixar o posto em 28 de fevereiro.

Em comunicado, feito em latim durante uma assembleia de cardeais em que se discutia um processo de canonização, Bento 16 disse que vai deixar o cargo devido à idade avançada, por "não ter mais forças" para exercer a função.

"Eu convoquei vocês para este Consistório, não apenas para três canonizações, mas também para comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter repetidamente examinado a minha consciência perante Deus, eu tive a certeza de que minha força, devido à uma idade avançada, não é mais adequada para o ministério Petrino", disse ele, de acordo com uma declaração do Vaticano.

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Relembre: Papa Bento 16 completa 85 anos 27 fotos15 / 2721.mai.2011 - O papa Bento 16 participa videoconferência com tripulantes da Estação Espacial Internacional. Nesta segunda-feira (16), o pontífice comemora 85 anos e se torna o papa mais velho desde 1903 Leia mais Andreas Solaro/AFP


"Por esta razão, e consciente da seriedade deste ato, em completa liberdade, eu declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro", acrescentou o papa.


Esta é apenas a segunda vez que um Papa da Igreja Católica renuncia ao pontificado.


O cargo ficará vago até a eleição do próximo papa.

Biografia


O cardeal alemão Joseph Ratzinger foi eleito papa em 19 de abril de 2005, em substituição a João Paulo 2º, que havia morrido em 2 de abril de 2005. Bento 16 é o 265º papa e o primeiro a ser eleito no século 21.


Líder da Congregação para a Doutrina da Fé, Bento 16 contou com o apoio das alas mais conservadoras da igreja à época de sua escolha como sumo pontífice.


Ratzinger nasceu em 16 de abril de 1927 em Marktl, Alemanha, e entrou para o seminário aos 12 anos. Na adolescência, estudou grego e latim, e mais tarde se doutorou em teologia pela Universidade de Munique.


É conhecido como grande estudioso e possui sólida carreira acadêmica. Na Igreja, ocupou o posto de prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, responsável por difundir e defender a doutrina católica.


Com a morte de João Paulo 2º, Ratzinger foi eleito pelos cardeais em abril 2005 e adotou o nome de Bento 16.


Durante a Segunda Guerra, chegou a ser convocado para combater nos esquadrões antiaéreos alemães. Dispensado, acabou sendo recrutado primeiro pela legião austríaca e depois pela infantaria alemã, da qual desertou em menos de dois meses.


De volta ao seminário, foi ordenado padre em junho de 1951. À função, somou o trabalho como professor de teologia, primeiro na Universidade de Bonn e depois na de Regensburg, onde seria reitor.


Em março de 1977, tornou-se arcebispo de Munique e Freising e, menos de três meses depois, foi criado cardeal pelo papa Paulo 6º. Já sob João Paulo 2º, em 1981, Ratzinger tornou-se o líder da Congregação para a Doutrina da Fé.


Neste cargo, Ratzinger reprimiu com força os teólogos que saíram de sua doutrina rígida e alienou outras denominações cristãs dizendo que não são igrejas verdadeiras.


Chamado de Guardião do Dogma, ele combateu o sacerdócio feminino e condenou a homossexualidade, além de ser contra a comunhão aos divorciados que voltarem a se casar e a impedir o crescimento do laicismo dentro da Igreja, mas não se considera um "durão".

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Estabelecendo pontes entre as diferenças


Rosemberg Cariry

O cineasta tem quase 40 anos de audiovisual, somando 12 longas, entre documentários e trabalhos de ficção

O Cego Aderaldo ganhou destaque em uma das mais recentes produções de Rosemberg

Além da carreira como diretor, que iniciou de forma amadora em meados dos anos 70, o cineasta cearense tem uma prolífica produção literária: a região Nordeste e todo os seus personagens como frequente fonte de inspiração

Dos primeiros e amadores curtas-metragens documentais em meados da década de 1970 aos recentes longas da segunda década do século XXI, "Folia de Reis" e "Pobres Diabos", as lentes de Antônio Rosemberg de Moura invariavelmente estiveram voltadas para o sertão. Natural de Farias Brito, município com menos de 20 mil habitantes no Cariri cearense, ele adotou para si o batismo da região e com ele tradições seculares de manifestações artísticas, personagens, paisagens e uma maneira peculiar de olhar e narrar suas histórias.

Ex-seminarista, filósofo por formação e pesquisador do imaginário popular nordestino, Rosemberg Cariry fez do Nordeste a matriz de suas produções, extraindo e processando em seus filmes a universalidade em meio ao particular, estabelecendo pontes entre as diferenças. Gravou o seu primeiro documentário amador em 1975 e já no final da mesma década dava início a sua produção profissional. O primeiro longa-metragem, o documentário "A Irmandade da Santa Cruz do Deserto", foi rodado em 1986.

Em 1993, produziu o primeiro longa de ficção, "A Saga do Guerreiro Alumioso", farsa burlesca que trazia como protagonista o aposentado Genésio, viúvo, sem filhos e obsessivo pelo cangaço que vaga pela cidade de Aroeiras em meio a disputa pela terra entre camponeses e latifundiários. O filme contou com o apoio do Cinequanon de Lisboa e do Instituto Português de Arte Cinematográfica (IPACA) e correu o circuito internacional de festivais, exibido em países como França, Bélgica, Portugal, Itália, Cuba, Estados Unidos, Colômbia e Uruguai.

Obra prima

Em 1995, o cineasta realizou seu terceiro longa-metragem, "Corisco e Dadá", assinando roteiro e direção. O filme foi um sucesso de crítica, fazendo parte do chamado "Renascimento do Cinema Brasileiro" e ganhando lançamento comercial no ano seguinte em diversas cidades do País. No elenco, estavam Chico Díaz, que encarnava o cangaceiro Corisco e a paraense Dira Paes, interpretando Dadá.

Considerado até hoje uma das melhores obras sobre o cangaço, o filme narra a história do cangaceiro, também conhecido como "Diabo Loiro", famoso por sua violência e crueldade. A esposa, Dadá, seria raptada e violentada por ele aos 12 anos de idade. Do crime, ele recebe a condenação de Deus e a missão de lavar com sangue os pecados do mundo.

A obra recebeu prêmio de melhor edição no Festival de Havana, onde foi indicada também ao Grand Coral, melhor ator, para Chico Díaz, em Gramado, indicado também como melhor filme e melhor atriz, para Dira Paes no Festival de Brasília.

Produções

A partir do ano de 1999, Rosemberg realizou filmes de média-metragem como "A TV e o Ser-Tao" e "Pedro Oliveira - O Cego que viu o Mar", este último recebendo o Prêmio GNT de Renovação de Linguagem. Também em 1999, dirigiu o documentário de longa-metragem "Juazeiro - A Nova Jerusalém", filme que contou com seu filho, Petrus Cariry, entre os produtores, onde Rosemberg retrata a miséria do sertanejo de Juazeiro do Norte, além da religiosidade e cultura que lá resistem.

Em 2002, Rosemberg repete a fórmula de "Corisco e Dadá" com "Lua Cambará - Nas Escadarias do Palácio", filme também estrelado por Chico Díaz e Dira Paes, que interpreta Lua, negra, filha de escrava estuprada por um coronel, que, em meio uma sociedade machista do século XIX se vê obrigada a renegar sua feminilidade para lutar com as mesmas armas dos homens no intuito de conquistar respeito.

Um cego, uma índia e um português são os personagens centrais de "Cine Tapuia", misto de documentário e ficção lançado em 2006. Além de prestar uma homenagem ao próprio cinema, ambientando a história com um cinema mambembe que percorre pequenas comunidades exibindo cenas de filmes de Glauber Rocha, Lev Kuleshov e Sergei Eisenstein, o filme traz uma atualização do mito de Iracema (Myrlla Muniz), filha do cego Araquém (Rodger Rogério), que tem sua vida mudada após conhecer o português Martim (Luiz Carlos Salatiel).

No ano seguinte, Rosemberg lança "Patativa do Assaré - Ave Poesia", cinebiografia documental do poeta que situa historicamente sua obra, intercalando a cronologia de sua vida a depoimentos e análises críticas da sua obra, e referências acontecimentos políticos e culturais do País. Em 2008, o diretor lança "Siri-Ará" - obra em que faz um mergulho épico na construção mítica Ceará - e que recebeu prêmios de Melhor Ator Coadjuvante, para Everaldo Pontes, Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante para o conjunto de seu elenco feminino.

O lançamento mais recente, em 2011, foi o filme "Cego Aderaldo - O Cantador e o Mito", documentário produzido em coprodução com a TV Brasil, que resgata a real e desconhecida história do cego que, paradoxalmente, é um dos personagens mais lembrados do imaginário nordestino. Os dois últimos longas-metragens que levam a assinatura de Rosemberg Cariry já estão filmados, mas ainda encontram-se em fase de finalização: "Folia de Reis" (2012) e "Os Pobres Diabos" (2013).

Literatura

Paralelamente a sua produção cinematográfica, e tão antiga quanto, Rosemberg Cariry atua ainda como escritor, tendo publicado sete livros de 1975 para cá.

O cineasta estreou na literatura com a coleção de poemas "Despretencionismo" (1975), escrito em parceria com Geraldo Urano. Em 1981, outra seleção de poemas são publicados sob o título de "Semeadouro". Entre seus livros de poemas, estão ainda "S de Seca - SS" (1983); "Inãron ou na Ponta da Língua eu trago trezentos mil desaforos " (1985).

Rosemberg Cariry também lançou o coletânea de artigos e reportagens "Cultura Insubmissa", em parceria com o antropólogo cearense Oswald Barroso (1982), o livro de contos "A Lenda das Estrelinhas Magras" (1984) e "O Caldeirão da Santa Cruz do Deserto - Anotações para a história" (2008), escrito em parceria com o também cineasta Firmino Holanda. (FM) 
 
 
Fonte: CADERNO 3

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Quem matou o compositor?

Flávio Paiva

Em um cotidiano marcado por tendências ao entorpecimento da sensibilidade, onde o que é permanente passa a ser dispensável, cai bem dar às crianças que amamos a oportunidade de acesso ao que está além da novidade. A música clássica, por exemplo. Este é o tema do livro/CD "O compositor está morto" (Companhia das Letrinhas, 2012), no qual o escritor estadunidense Lemony Snicket relata, com divertida inventividade, um caso de investigação de assassinato, como recurso curioso para a descoberta do lugar das criações feitas para perdurar.

A edição é cheia de temperos especiais que dão gosto à sua leitura e audição. No leque de ofertas para o envolvimento da criança, o livro/CD de Snicket traz a combinação da literatura com a música, em texto bilíngue, com a parte da narração em português feita pelo cantor paulista Fábio Góes e em inglês pelo próprio autor. Traz ainda a trilha sonora da história, desenvolvida pelo compositor californiano Nathaniel Stookey, com interpretação da Orquestra Sinfônica de São Francisco.

A tradução é do jornalista gaucho Érico Assis, conhecido pelas versões de histórias em quadrinhos da revista Sandman (Panini), do roteirista inglês Neil Gaiman. Merece destaque também as ilustrações da designer canadense Carson Ellis, em leves e bem-humoradas cenas de danças performáticas, de pássaros cantando, notas musicais esvoaçantes e cortejos de batedores em proteção a autoridades. Estão muito engraçadas as caras de perplexidade dos músicos na ilustração em que o Inspetor diz que vai encontrar o culpado entre as cordas, os metais, as madeiras e na percussão.

O livro/CD "O compositor está morto" não cai na armadilha da infantilização de adulto para supostamente agradar a meninada. É um trabalho que respeita o leitor infantil, sem nhe-nhe-nhem. O autor, Lemony Snicket (1970), pseudônimo do escritor Daniel Handler, tem um agradável jeito exagerado de narrar. Seu trabalho mais conhecido é a coleção "Desventuras em Série", editada no Brasil também pela Companhia das Letras, na qual conta a história dos órfãos Violet, Klaus e Sunny Baudelaire no jogo entre a cumplicidade fraterna e a má sorte.

Quando eu fiz a relação de preferências literárias dos meus filhos, na faixa de oito a onze anos ("Livros que falam com a infância", DN, 06/10/2011), o conjunto de livros de "Desventuras em série" apareceu em terceiro lugar. Como o título anuncia, trata-se de uma série de livros de divertidas histórias de infortúnios. Isso mesmo, o autor consegue tratar, com irreverência, de temas fortes como a orfandade e a ambição desmedida. Cada episódio é mais desgraçado que o outro. Por títulos como "Inferno no colégio interno", "A cidade sinistra dos corvos" e "O hospital hostil", dá para imaginar o tamanho dos problemas enfrentados pelos irmãos Baudelaire.

As características do caricatural, do humor negro e das situações desafiantes, encontradas nas "Desventuras em série", estão presentes em "O compositor está morto". Um dos aspectos facilmente visíveis no estilo de Snicket é a explicação com leveza das palavras menos comuns ou das que o autor quer atenção especial. Sobre a palavra "compositor", no âmbito da música clássica, ele diz: "compositor é uma palavra que aqui quer dizer pessoa que fica sentada numa sala falando sozinha e cantarolando e decidindo que notas a orquestra vai tocar".

Sob tensão, investigação, conversas e desconversas, o autor cria, sem didatismos, agradáveis condições para a apresentação de uma orquestra. É o tipo de publicação boa para o ensino da música em casa e nas escolas. O leitor é cativado pela narrativa, ao tempo em que recebe uma aula de musicalização com história de detetive. E Snicket transita bem pelas salas de concerto, visto que gosta de tocar acordeom e é filho de cantora de ópera.

Constatada a morte do compositor da música clássica, cabe ao Inspetor fazer interrogatórios com os principais suspeitos. Quem teria orquestrado esse crime? Os grupos de instrumentos, os músicos, o maestro? O investigador sai inquirindo todo mundo, sempre fazendo anotações em sua caderneta e bradando "Arrá!" a cada pista encontrada. A criatividade de Lemony Snicket extrai das características de cada suposto culpado um motivo para o assassinato, porém, esbarra nos álibis mais engenhosos.

No tempo em que ocorreu a morte do compositor, os violinos aparecem como potenciais acusados, por estarem pressionados demais, mas alegam que estavam executando uma valsa. Os violoncelos e os contrabaixos apressam-se logo para dizer que não faziam nada além do acompanhamento, embora o Inspetor desconfie que, revoltados com as coisas chatas que recebem para tocar, eles podem ser os assassinos. As violas pranteiam que estavam muito ocupadas, reclamando da vida, para cometer qualquer delito, e as flautas asseguram que imitavam passarinhos, o que, por hipótese, elimina qualquer argumento de descontentamento.

O Spalla, que é o melhor violinista da orquestra, se defende, sustentando a tese de que jamais mataria alguém que lhe proporciona tão grande oportunidade de se exibir. Os metais, acusados de "povinho violento", arranja lá suas desculpas. Os trompetes mencionam participações em eventos militares e os trombones revelam que enquanto o compositor era assassinado eles estavam em uma balada com as trompas francesas. As percussões apresentam-se como testemunhas desse encontro baladeiro, talvez como forma de dizer que também não poderiam ser acusadas do crime.

Para cada razão apresentada pelo Inspetor, surge um argumento do coração dos instrumentos. Cada defesa parece mais convincente do que a outra, mas o que vai deixando o investigador preocupado é o fato de que, apesar desse agito todo, o compositor ainda continua morto. No anseio de chegar ao culpado o mais rapidamente possível, volta-se para o maestro, deduzindo que muitos maestros costumam assassinar compositores. E faz uma lista enorme de grandes compositores clássicos para atestar que eles estão mesmo mortos.

A orquestra sai em defesa do batuta e assume que devia ser tolerável alguma vez os maestros e os músicos massacrarem um ou outro compositor. E partem para o contra-argumento: "Mas também os mantemos vivos!". Fazer o quê? Quem quiser apreciar a obra dos compositores clássicos dificilmente escapará de, em alguma circunstância, lidar com um ou outro assassino. Snicket deixa que o leitor perceba que o caso não é de polícia e entrega a cada um de nós as ferramentas de interpretação para desvendar o mistério.

Pessoalmente, fiquei pensando se a melhor forma de ser justo com o compositor não seria participando de alguma orquestra, indo mais a concertos ou simplesmente amando mais a música, tendo um pouco mais de tempo para ela. Todavia, o bom mesmo nesse tipo de literatura é a liberdade que é dada à subjetivação de cada leitor, para que cada um possa sentir o que a sua história de representações permitir. O livro/Cd "O compositor está morto" foge das convenções do efêmero e insinua um lugar especial para a música em nossas vidas.

Ao ler e ouvir este novo trabalho de Lemony Snicket, as meninas e os meninos podem muito bem ficar pelo menos mais curiosos ou com dúvidas se vale a pena conhecer ou desperdiçar, alterar ou deletar a música clássica. Com um pouco de reflexão, provocada por adultos, dá inclusive para imaginar se a criação artística com valor posto à prova do tempo, ainda cabe ou não na ontologia do presente. Depois de ler e ouvir "O compositor está morto", ninguém, nem mesmo o maestro e os músicos, vê e escuta mais uma orquestra com os mesmos olhos e ouvidos. Ah, ia esquecendo de dizer que o Inspetor descobre que o culpado pela morte do compositor vem agindo há muitos anos.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

MAZZAROPI:Alvo da crítica de seu tempo, ator virou cult

Em estreia na direção de documentários, o crítico Celso Sabadin relembra histórias e mitos acerca de Mazzaropi

Mito supremo do cinema rural no Brasil, capaz de enfileirar um blockbuster atrás do outro numa carreira de 32 filmes, Amácio Mazzaropi (1912 - 1981) morreu aos 69 anos rodeado por folclores das mais variadas espécies. O repertório de causos a seu respeito vai de (supostas) aventuras sexuais com galãs estreantes a maquinações (nem sempre generosas com seus funcionários) como homem de negócios, passando a hipóteses improváveis acerca da dilapidação de sua fortuna, estimada por alguns em R$ 30 milhões e por outros em R$ 300 milhões, mas nunca devidamente quantificada.

Em filme sobre a vida e obra de Mazzaropi, entrevistados reforçam a importância do artista para a comédia brasileira e para a indústria do cinema nacional


A mais recorrente das lendas é que apenas com os habitantes de Taubaté - cidade paulista onde construiu casa, produtora (PAM Filmes) e um império comercial - seus longas-metragens já pagavam seu custo de produção. O que vinha do resto do País, portanto, era lucro. Muitas dessas histórias - as mais saborosas - são relembradas (e algumas delas comprovadas) no documentário "Mazzaropi", primeiro longa-metragem do crítico Celso Sabadin, já finalizado e à espera de uma data de estreia.

Ao longo de quase três anos de trabalho, no qual entrevistou 25 pessoas, entre amigos e colegas do ator, diretor e produtor paulistano, Sabadin colheu depoimentos sobre rixas com o Cinema Novo, criações de modelos de negócio pioneiros para a América Latina e paqueras com atores iniciantes (depois famosos). Mais do que um exercício de nostalgia, com entrevistas de Hebe Camargo, Aguinaldo Rayol, Ary Toledo, Marly Marley e Ewerton de Castro, "Mazzaropi" é um estudo sobre como um artista foi capaz de mudar os parâmetros econômicos do cinema de seu país. Além de ter produzido 21 de seus longas e dirigido 14 deles, ele mesmo distribuía seus filmes e mandava funcionários de confiança País adentro, transportando as cópias e conferindo borderôs dos ingressos vendidos.

"Há um depoimento do já finado cineasta Gustavo Dahl, que presidiu a (distribuidora estatal) Embrafilme na época de Mazzaropi, em que ele fala de Amácio como um visionário. Ele foi o primeiro caso de um produtor e diretor no Brasil a fiscalizar pessoalmente o andamento de seus filmes no circuito. É Dahl quem diz: Esse modelo só viria a ser repetido com ´Tropa de elite 2, do Padilha´" lembra Sabadin, de 54 anos.

Industrialização

Também paulistano, o diretor mostra como o sucesso do astro de "Jeca Tatu" (1959) acompanhou o progresso de industrialização do Brasil.

"Mazzaropi estabeleceu um elo entre o cinema brasileiro e as plateias a partir dos anos 1950, época de crescimento econômico e do boom industrial de São Paulo. É uma época de êxodo rural enorme, na qual camponeses se mudam para as cidades para trabalhar na construção civil. Nesse momento, essas pessoas matam suas saudades do campo vendo os filmes de Mazzaropi, que criou uma relação de identificação ao difundir a figura do caipira. Tratado mal pela crítica, o cinema dele serviu para exorcizar a melancolia dos trabalhadores que construíram São Paulo", diz Sabadin, que ouviu críticos como Inácio Araújo para comentarem o desprezo da intelectualidade sobre o ator a partir do fim dos anos 1950, quando ele emplacou seus longas mais rentáveis.

Embora não haja uma aferição oficial, estima-se, por dados de jornais da época e de órgãos extintos, como o Instituto Nacional do Cinema (INC), que "Jeca Tatu" e "Casinha pequenina" (1963), os maiores sucessos de Mazzaropi, venderam oito milhões de ingressos cada. Há dois anos, o pesquisador João Carlos Rodrigues publicou na revista "Filme Cultura" (órgão de imprensa apoiado pelo Ministério da Cultura), uma lista de filmes nacionais, de 1970 em diante, vistos por mais de um milhão. Dela constam todos os dez últimos longas estrelados por Mazzaropi, dos quais o mais bem-sucedido, com 3,4 milhões de espectadores, foi "O Jeca macumbeiro", de 1974.

"A maior contribuição de Mazzaropi à indústria foi ter revelado o mercado do interior", avalia João Carlos Rodrigues. "Além de grande ator, ele era um homem de negócios atento ao perfil do público do interior e fazia filmes sintonizados com as transformações desses espectadores. Fez, por exemplo, filmes sobre imigrantes estrangeiros residentes no Brasil, como ´Portugal, minha saudade´, ciente de que as regiões do campo estavam cheias de portugueses, japoneses, italianos.

Até quem disputou com Mazzaropi a atenção do público brasileiro, como o cearense Renato Aragão, reconhece sua destreza comercial.

"Num cenário em que tudo favorecia os heróis estrangeiros, Mazzaropi, como empresário de cinema, mostrou seu valor inestimável na telona, com filmes inspiradores para a comédia nacional", elogia Aragão.

Para suas produções, Mazzaropi comprava os melhores equipamentos, mas pagava salários módicos a seus empregados. "Colhi depoimentos de que ele era pão-duro, embora pagasse em dia. Há quem fale mal também do fato de ele não emprestar ou alugar seu estúdio para ninguém. Ao mesmo tempo, há quem reconheça uma sabedoria de mercado nesse gesto. Ele construiu os estúdios com dinheiro dele. Não haveria porque abri-los a outros. Em meio a depoimentos controversos, há quem veja nele um homem generoso e carente. Era importante ter todos os lados", diz Sabadin, que entrou no projeto a convite do produtor Moraci Du Val, cujo sonho era fazer uma ficção sobre Mazzaropi.

Moraci acabou saindo da produção depois que Sabadin o convenceu de que ficcionalizar a vida do ator demandaria um orçamento milionário e um cronograma espichado. Edu Felistoque acabou assumindo o posto de produtor, mas manteve o crítico na direção. Ao avaliar a porção mais afetiva dos depoimentos que colheu, Sabadin lembra que a maioria dos entrevistados afirma a homossexualidade de Mazzaropi, muitas vezes ignorada por seus biógrafos.

"Todos falam que ele era assumido e lidava bem com sua opção. Ele só não alardeava sua preferência porque seu público de interior era conservador e poderia rejeitá-lo", diz Sabadin.

Outra informação trazida pelo documentário envolve a revolta do eterno Jeca Tatu ao ler uma crítica negativa.

"Uma resenha de jornal reclamava que, num dos filmes dele, a câmera tremia duas vezes. Mazzaropi virou para David Cardoso e disse: ´A câmera do Glauber Rocha treme o tempo todo e dizem que é arte. A minha treme e falam que é erro´", diz Sabadin, lembrando que, embora os estúdios de Mazzaropi tenham virado um museu em seu tributo, parte de seus bens continuam perdidos. "Há quem diga que ele foi roubado por funcionários e por advogados enquanto convalescia. Há uma história de que o diretor Pio Zamuner, seu grande colaborador, já falecido, foi proibido de entrar no quarto onde estava trancado, antes de morrer, pois havia advogados querendo manter seu patrimônio em sigilo. O mistério segue. Mas, pelo menos agora, com o passar dos anos, Mazzaropi virou cult", avalia.

RODRIGO FONSECA
AGÊNCIA O GLOBO

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Atingidos pela seca têm festa de até R$ 256 mil

Governo suspendeu verbas para 96 municípios, mas a maior parte dos eventos está mantida

As verbas do convênio entre a Casa Civil do governo do Estado e prefeituras para o Carnaval do Interior foram suspensas devido aos custos e gastos com a seca. No entanto, a estiagem que castiga o Interior do Ceará não intimidou os municípios com relação à realização das tradicionais festas. Os altos valores se contrapõem à situação calamitosa das cidades, a maioria em estado de emergência, decretado no fim de 2012, algumas com problemas no abastecimento de água.

Em novembro de 2012, 174 municípios cearenses entraram em estado de emergência por causa da forte estiagem Foto: Waleska Santiago


A Prefeitura de Choró (180 Km da Capital), por exemplo, vai gastar R$ 104,03 mil com a festa de Carnaval deste ano. O município está entre os 174 que entraram em estado de emergência, por 90 dias, desde novembro de 2012.

A licitação do evento "Folia nas Águas" mostra que a Secretaria de Turismo, Cultura, Esporte e Juventude contratou uma empresa de Quixadá para realizar a festa e somente o camarote do evento custará R$ 9 mil aos cofres públicos.

Quase R$ 50 mil serão gastos na contratação de grupos musicais que realizarão show artístico com duração mínima de três horas. A locação do palco foi registrada no valor de R$ 19,9 mil e, somente na diária dos banheiros químicos para os quatro dias de festa, serão desembolsados R$ 6 mil. O gerador, acompanhado de uma equipe técnica, foi alugado por R$ 7,9 mil, entre os dias 9 e 12. No total, são 12 itens que somam mais de R$ 100 mil na licitação assinada no último dia 29 de janeiro.

Já o município de Quixadá (a 167 Km da Capital) vai gastar R$ 256,8 mil no Carnaval de 2013. A licitação cobre os serviços de infraestrutura e contratação de grupos musicais e é de responsabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo. Somente o cachê das bandas de forró e axé custará R$ 141 mil aos cofres públicos.

O município de Crateús (a 360 Km da Capital), que está prestes a sofrer um colapso de água, possui uma licitação aberta, do tipo menor preço, no valor de R$243,5 mil também referente ao Carnaval. As atrações musicais devem custar R$ 117,1 mil e a estrutura com palco, som e iluminação, R$ 125,8 mil.

O Ministério Público vai realizar, amanhã, uma audiência pública para discutir a questão do abastecimento de água em Crateús. O açude que abastece a cidade está com apenas 9,5% da capacidade, o que aumenta a chance de falta d´água.

Apoio

A Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult) divulgou um edital no valor de R$ 974 mil para o Carnaval do Ceará 2013. Os recursos são do Fundo Estadual de Cultura, que apoia financeiramente a execução de projetos de arte e cultura nas manifestações carnavalescas cearenses.

Choró está entre os 20 municípios contemplados pela seleção, que teve mais de 100 cidades inscritas. A Secult vai investir R$ 20 mil no evento, mas a Prefeitura de Choró vai arcar com cerca de R$ 80 mil.

O secretário de Turismo e Cultura de Choró, Júlio César, explicou que o Carnaval vai gerar cerca de 300 empregos diretos e 40 mil visitantes durante os quatro dias. "Essas pessoas deixam dinheiro nos comércios e boa parte desse recurso é arrecadado nos impostos e volta como melhorias para o povo", explica.

Questionado se o abastecimento de água seria suficiente para os 40 mil visitantes, o secretario afirmou que as pessoas não ficam hospedadas no município, apenas "passam".

Para a Prefeitura de Choró, o abastecimento de água é suficiente para os seus 13 mil habitantes. O município também utiliza uma retroescavadeira para cavar cacimbas e há projetos do governo, como o Garantia Safra, de suporte aos agricultores. Sobre a qualidade da água, a Prefeitura garantiu que a água passou por testes e foi aprovada.

A Prefeitura de Crateús diz conhecer os problemas da seca. Mesmo assim, promete um dos melhores carnavais da região. A administração justifica que a festa é uma forma de amenizar a tristeza. "Como já havíamos programado, não vamos cancelar", enfatiza Sílvio Verta, coordenador do "Carna-folia".

A assessoria da Prefeitura de Quixadá disse que, por ser uma cidade universitária e com um imenso potencial turístico, o município não poderia deixar de realizar o evento. A assessoria acrescentou que todos os gastos são financiados com recursos próprios e com o apoio de parceiros.

Convênios

Segundo o governador Cid Gomes, os convênios entre a Casa Civil e as prefeituras foram suspensos devido aos gastos com a seca. A medida atingiu 96 municípios que receberiam entre R$ 30 mil e R$ 531 mil.

Em Aracati, a Prefeitura garante que vai realizar a festa mesmo sem apoio. "Algum planejamento pode ser cortado, mas a festa está mantida", esclareceu Magela Júnior, secretário de Cultura de Aracati. Em 2012, o Estado destinou R$ 2,6 milhões para as prefeituras para o Carnaval. Com informações do Diário do Nordeste Online

Repasse

12,6 milhões de reais foi o valor solicitado ao governo do Estado pelas 96 prefeituras que seriam beneficiadas pelo convênio com a Casa Civil 
 

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O poder da palavra


Paulo Coelho


Destruindo o seu próximo - Malba Tahan ilustra os perigos da palavra: uma mulher tanto falou que seu vizinho era ladrão, que o rapaz acabou preso. Dias depois, descobriram que era inocente; o rapaz foi solto e processou a mulher.

- Comentários não são tão graves - disse ela para o juiz.

- De acordo - respondeu o magistrado. - Hoje, ao voltar para casa, escreva tudo que disse de mal sobre o rapaz; depois pique o papel, e jogue os pedaços no caminho. Amanhã volte para ouvir a sentença.

A mulher obedeceu, e voltou no dia seguinte.

- A senhora está perdoada se me entregar os pedaços do papel que espalhou ontem. Caso contrário, será condenada a um ano de prisão - declarou o magistrado.

- Mas é impossível! O vento já espalhou tudo!

- Da mesma maneira, um simples comentário pode ser espalhado pelo vento, destruir a honra de um homem, e depois é impossível consertar o mal já feito.

E enviou a mulher para o cárcere.

Uma lenda do Polo Norte

Conta uma lenda esquimó que, na aurora do mundo, não havia qualquer diferença entre homens e animais: todas as criaturas viviam em harmonia sobre a face da Terra, e cada uma podia transformar-se na outra, a fim de entendê-la melhor. Os homens viravam peixes, os peixes viravam homens, e todos falavam a mesma língua.

"Nesta época", continua a lenda, "as palavras eram mágicas, e o mundo espiritual distribuía fartamente suas bênçãos. Uma frase dita ao acaso podia ter estranhas consequências; bastava pronunciar um desejo que este se realizava".

Foi então que todas as criaturas começaram a abusar deste poder. A confusão se instalou, e a sabedoria se perdeu.

"Mas a palavra continua mágica, e a sabedoria ainda concede o dom de fazer milagres a todos que a respeitam", conclui a lenda.

Os tempos difíceis

Um homem vendia laranjas no meio de uma estrada. Era analfabeto, de modo que nunca lia jornais. Colocava pelo caminho alguns cartazes, e passava o dia apregoando o sabor de sua mercadoria.

Todos compravam, e o homem progrediu. Com o dinheiro, colocou mais cartazes, e passou a vender mais frutas. O negócio progredia rapidamente quando seu filho - que era culto e havia estudado numa grande cidade - procurou-o:

- Papai, você não sabe que o Brasil está atravessando momentos difíceis? A economia do País anda péssima!

Preocupado, o homem reduziu o número de cartazes, e passou a revender mercadoria de pior qualidade, porque era mais barata. As vendas despencaram imediatamente.

"Meu filho tem razão", pensou ele. "Os tempos estão muito difíceis".

O manual de instruções

Depois de comprar uma nova máquina de descascar legumes, a mulher tentou - usando o manual de instruções - fazer com que funcionasse. Terminou por desistir, deixando as peças espalhadas na mesa. Foi ao mercado, e ao voltar descobriu que a empregada tinha montado o aparelho.

"Mas como conseguiu isso?", perguntou surpresa.

"Bem, como não sei ler, fui obrigada a usar a cabeça", foi a resposta.

FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
Paulo Coelho
caderno3@diariodonordeste.com.br

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Festa das Candeias: Romaria encerra hoje com procissão de velas

Missa de despedida e procissão pelas ruas centrais de Juazeiro marcam o fim da romaria hoje

Diariamente, os fiéis participam de missa na Basílica de Nossa Senhora das Dores. O número de devotos é crescente a cada ano fotos: Elizângela Santos

Juazeiro do Norte O grande cordão iluminado percorre às principais ruas da terra do "Padre Cícero", a partir das 17h30 de hoje. São os fiéis da "Mãe das Candeias", no encerramento da terceira maior romaria do ano, na cidade. A estimativa da Igreja Católica é que mais de 100 mil pessoas participem do cortejo, em que é tradicional as pessoas levarem as velas acesas, até a Praça do Romeiro, local onde acontece o encerramento, com a bênção do santíssimo.

A Romaria de Nossa Senhora das Candeias foi iniciada no último dia 29. Porém, até amanhã, pessoas de várias partes do Nordeste deverão permanecer em Juazeiro do Norte. A ocupação das ruas por milhares de vendedores tem sido a principal preocupação da Igreja e, inclusive, poderá dificultar a passagem do cortejo no fim da tarde de hoje.

A Festa das Candeias completa 124 anos de tradição na cidade e foi incentivada, inicialmente, pelo Padre Cícero. Ele era um devoto da santa. Este ano, a romaria tem como tema "A luz de Jesus nos Caminhos da Fé Romeira". A preparação para a festa começou a ser realizada com um plano de ação para o desenvolvimento das atividades de assistência ao romeiro, por meio dos órgãos públicos, entidades classistas e igreja.

Ontem, foi registrado o óbito do aposentado Gildo Correia Nunes, de 74 anos, da cidade de Pinheiros, em Alagoas. Ele veio passar a romaria com filhos e irmãos. A família acredita que ele tenha morrido de ataque cardíaco. O corpo foi levado ontem, em carro cedido pela administração local, com acompanhamento de assistentes sociais.

Comércio

Mas, a grande preocupação neste ano tem sido em relação à ocupação das ruas pelos vendedores do Mercado dos Romeiros. Eles reclamam do pouco faturamento no local e, com isso, decidiram ocupar os finais das ruas São Pedro e Padre Cícero, onde há maior fluxo de peregrinos, no entorno da Basílica de Nossa Senhora das Dores.

O pároco Joaquim Cláudio afirma que esse é um grande problema, já que vem sendo dificultado, inclusive, o tráfego de pessoas nessas vias e também na Rua da Matriz, que foi totalmente ocupada.

No fim da Rua São Pedro, nas proximidades do Sesc, segundo o padre, pessoas manipulam materiais inflamáveis e as ruas estão lotadas de barracas com cobertura de lona. "Essa é uma grande preocupação que nós temos. Vamos solicitar uma ação da Secretaria de Meio Ambiente", diz.

De acordo com o padre Joaquim, os vendedores passaram a ocupar as ruas desde a Romaria de Nossa Senhora das Dores, em setembro do ano passado. Isto tem dificultado muito o trânsito de carros, motos e pedestres nessas áreas, e também no fim da Rua São José, no Centro, fechando um dos trechos que dão acesso à basílica.

O secretário de Cultura e Romaria, Wellington Costa, diz que vários problemas em relação às peregrinações de Juazeiro estão sendo debatidos, inclusive, com a humanização do atendimento. Este ano, por meio da Fundação Memorial Padre Cícero, foi realizada capacitação, nesse sentido, de guardas municipais, agentes de trânsito e policiais civis. Outro aspecto é em relação às hospedagens.

O padre Joaquim Cláudio diz que, mais uma vez, os romeiros têm reclamado das condições de recepção na cidade.

Lamparinas

A Secretaria de Cultura e Romaria, que este ano planejava distribuir lamparinas de zinco durante a Festa das Candeias, afirma que a ideia não foi possível em virtude dos riscos de incêndio, com o uso do querosene. Porém, irá distribuir 40 mil copinhos, com a imagem da santa, durante o cortejo.

Uma caravana de 25 pessoas, depois de reservar pousada, chegou à cidade e não conseguiu permanecer no local, por outras pessoas já terem ocupado. Eles procuraram a Igreja para reclamar do mau atendimento.

"É uma realidade em que os proprietários desses espaços devem ter a consciência em relação aos fieis, que vêm de cidades distantes para participarem da romaria", afirma.

Os tempos de seca no Nordeste são um estímulo a mais para os romeiros da "Mãe das Candeias" procurarem Juazeiro do Norte, onde realizam promessas. O principal pedido é por chuvas no sertão. Uma dessas milhares de súplicas vem do agricultor da cidade de Arapiraca, José Pedro dos Santos.

Ele afirma que nunca tinha vivenciado uma estiagem tão extensa, como a que vem ocorrendo em sua cidade. "Atualmente, tenho feito o trabalho de pedreiro para sobreviver. Quando a chuva chega, vou para a roça", diz ele, com esperança.

Segundo o produtor, há uma incerteza muito grande em relação ao inverno deste ano. Porém, o que vale mesmo é a fé, para que "Deus mande chuva para todos".

Público

A estimativa do número de romeiros até amanhã na cidade é de cerca de 400 mil pessoas, de acordo com o padre Joaquim, da Basílica de Nossa Senhora das Dores. No entanto, a Secretaria de Cultura e Romaria estima um público em torno de 280 mil pessoas durante todo o período de festejos católicos.

Os números, mesmo não sendo próximos, demonstram, segundo o pároco, que há um processo crescente de romeiros que chegam à cidade.

Desde o último fim de semana, os caminhões, ônibus, e paus-de-arara não param de chegar, com romeiros de Estados como Alagoas, Pernambuco, Piauí, Paraíba, Maranhão, Sergipe e outras localidades do Brasil. Todos querem pagar promessas, em agradecimento às graças alcançadas na vida.
Mais informações

Secretaria de Cultura e Romaria de Juazeiro do Norte

Rua Santo Agostinho, S/N

Centro - Cariri

(88) 3512.3380/ 3511. 1999
ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER