segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses - Escritor e Poeta Antonio Menezes

“Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses”. ( autor desconhecido )

Há pouco mais de dois meses, ao final da eleição e por ocasião da vitória da candidata Dilma Rousseff à presidência da República, presenciamos o que há de pior no Brasil em relação ao preconceito, motivado pelas declarações na rede mundial de computadores, por meio do twitter, da estudante de Direito, paulista, Mayara Petruso com o seguinte teor: “ Nordestino não é gente. Faça um favor a São Paulo, mate um nordestino afogado!”

Como acentuou José Barbosa Júnior em sua brilhante retórica, Mayara não foi a única, e vários outros brasileiros também passaram a agredir os nordestinos, insatisfeitos com o resultado final da eleição que elevou pela primeira vez uma mulher à presidência do Brasil em virtude da maioria de votos obtida pela referida candidata na região Nordeste.

Felizmente, muitas pessoas conscientes puseram-se à frente de um contra-movimento que barrou mais uma investida estúpida contra o povo nordestino, em especial José Barbosa Júnior que, de forma contundente, revelou a todos nós, do Norte, do Sul, Sudeste, Centro-Oeste ou Nordeste que as cores, os sotaques, as religiões e as gentes somos um só povo.

Porém já se foram mais de cem anos que o escritor disse: “ O sertanejo é, antes de tudo, um forte ”, e frequentemente somos impelidos a recorrer às palavras de Euclides para nos amparar, nos proteger de nós mesmos de um sentimento de submissão regional que teima em não se apagar.

É que durante parte da história recente do Nordeste o fenômeno natural das secas ensejou o surgimento de um outro fenômeno, político, conhecido como “indústria da seca”, que fez transformar o primeiro fenômeno em tragédia para encobrir interesses escusos de uma minoria que detinham influência política e econômica na região, eternizando “um problema” para impedir ações que não fossem de seus interesses.

A idéia do “combate” às secas no Nordeste foi um ardil bem traçado para nada fazer. Não se combate fenômenos como as secas, as geadas, as regiões desérticas, o gelo ártico, mas se conscientiza de que com ele, o fenômeno natural, se deve estabelecer relações de convivência.

Mas em vez disso vieram as “ações emergenciais”, com incursões assistencialistas apelativas através da distribuição desordenada de alimentos e criação de frentes de trabalho como paliativos perversos que acentuavam cada vez mais uma condição de miséria, abandono e descaso, sem qualquer planejamento ou proposta de uma real transformação socioeconômica que promovesse o resgate da dignidade do povo nordestino.

Uma proposta de expansão de política de industrialização e correção das práticas seculares de ocupação do solo já teriam sido o suficiente para alavancar, em meados do Século XX, condições de desenvolvimento mais adaptáveis à realidade dos trabalhadores e da população nordestina como um todo.

Constatou-se, não tardiamente, não ser possível “combater” um fenômeno natural porque a própria essência do termo conduzia à ideia de eliminação, de extermínio, de superação do mais forte sobre o mais fraco, de que combatendo se chegaria a alguma forma de vencimento, de subjugação de algo indomável pelo reles interesse humano.

Concluiu-se que os maiores problemas advindos da continuidade das secas estavam diretamente ligados à ação ou omissão humana e da ideia de um inimigo, implantada por uma pequena parcela de interessados em não buscar viabilidades econômicas de sustentabilidade e independência regional, calcadas pelas noções de convivência com o semi-árido, pois em áreas mais áridas que a do sertão nordestino, como as do deserto de Negev, em Israel, a população local há tempos consegue desfrutar de um bom padrão de vida.

É preciso entender que o sertão nordestino sempre conviveu com a seca. Embora até meados do século XIX seus governantes e a elite local não a encarassem como um problema, foi durante a estiagem de 1877 a 1880, que pela primeira vez o governo procurou instituir uma política de “salvação” para a região.
D. Pedro II, encantado com uma visita que fizera ao Egito, mandou importar camelos do Saara, pois pretendia criá-los para salvar o sertão. Os problemas, entretanto, eram muito mais graves. Um número de sertanejos quase quatro vezes maior do que o da população de Fortaleza ocupou a capital cearense, buscando fugir da seca. O resultado disso foram epidemias, fome, saques e crimes. Com a seca criou-se o conceito do retirante – o homem que deixa sua terra para escapar dos efeitos da estiagem.

As duas grandes secas seguintes, a de 1915 e a de 1932, foram tão catastróficas quanto a do século anterior, quando foram criados “campos de concentração” nos arredores das grandes cidades para recolhimento dos flagelados, tendo como exemplo, o Campo do Alagadiço, próximo a Fortaleza, onde se espremiam mais de 8 mil pessoas na seca de 1915. A falta de condições sanitárias e de comida completou o trágico quadro.

Na seca de 1932 foram organizados sete campos de concentração no Ceará, onde ficaram reunidos mais de 105 mil retirantes, que eram recrutados para trabalhar de forma compulsória nas obras públicas.

Nas secas que se seguiram, o governo abandonou a formação dos campos de concentração e começou a estimular o sertanejo a abandonar em definitivo suas terras, com o macabro planejamento de migração maciça dos sertanejos para o oeste, a fim de povoar os sertões do Mato Grosso e se desfazer dos “causadores” do problema. Essa retirada ficou conhecida como a "Marcha para o Oeste".

Verificou-se, pelo censo de 1950, que mais de 2 milhões de nordestinos haviam migrado para outras regiões do país, e que entre 1950 e 1980, as grandes metrópoles do Sudeste tornaram-se o sonho de destino da maioria dos retirantes nordestinos.

As condições pelas quais eram obrigados os nordestinos a partir em retirada, com a falsa motivação das secas, foram ao longo da segunda metade do século XX em diante sendo conhecidas pelos habitantes das regiões hospedeiras e, insensíveis às reais práticas políticas adotadas para essa retirada, recebiam os povos nordestinos como uma sub-raça imprestável, improdutiva, um peso a terem que suportar, um excesso de mão-de-obra, e toda sorte de homofobia foi encetada pelas pessoas menos esclarecidas dos lugares para onde iam.

Recebiam os que chegavam e ainda se viam obrigados a ter que acudir os que ficavam com doações e ações promovidas pela sociedade civil para continuarem a velha ideia de “salvação” de um povo eternamente submetido às secas.

Sabe-se que uma mentira ou uma falsa história pode ser encarada como verdadeira se a prática reiterada dessa mentira ou dessa falsa história for sendo recontada com veemência, e assim foi a prática adotada por governantes, sociedade e pelo próprio povo do nordeste.

Em parte essa mentira serviu para aplacar as reações naturais que pouco se deu: manifestações, invasões, saques, revolta civil (des)organizada, pressões sociais e em vez disso uma leva de flagelados, famintos, sem forças, envergonhados por sua miséria, acocorados às portas dos governos e das estradas com as mãos estendidas e as almas rendidas.

Repassar para o povo a culpa por não produzir e não suster a própria sobrevivência também fez parte do rol de mentiras encabeçadas pelos Pilatos nordestinos para se livrarem do fardo interminável de miseráveis e ignorantes, que só se reproduziam para servir ao propósito da urna.

Porém, não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses, e hoje os tempos têm mudado e os pobres não se vêm mais obrigados a ter que bater em retirada. Não há mais retirantes – não nos mesmos feitios macabros, e há um sentimento novo, de quebra de submissão, ou como diz Luzineide Dourado Carvalho, tudo “Parte-se do pressuposto de que a ‘Convivência com o semi-árido’ é uma perspectiva cultural que ressignifica os conceitos de natureza e território semi-árido a partir da geração de saberes pelo contexto, ou seja, uma escala tempo-espaço de onde o sujeito se situa como natureza e cultura”.

Para Carvalho, ‘Convivência’ tem como pressuposto agir sobre as percepções e sentidos no trato com os elementos da natureza semi-árida a partir da contextualização, ou seja, uma incorporação do sujeito no processo de conhecimento diante das complexidades da realidade, marcada pelas suas especificidades, oportunidades e alternativas que a própria natureza semi-árida oferece, numa busca de melhorar sua existência, correlacionando o natural com o social.

Uma das iniciativas mais produtivas para o que esclarece a autora foi a criação, no ano de 2001, da Articulação para o Semi-Árido ( ASA ), entidade que reúne hoje mais de 700 Organizações Não-Governamentais ( ONGs ) presentes no Nordeste com o objetivo de erradicar a pobreza e a fome da região, e para isso a ASA adotou um projeto já existente da Cáritas – Construindo a solidariedade no Semi-árido: foi o P1MC, com o objetivo de construir 1 milhão de cisternas de placas que beneficiassem 5 milhões de pessoas no prazo de 5 anos. Para os idealizadores do projeto, os benefícios do Projeto Cisternas consistia e consiste em reduzir drasticamente a mortalidade infantil, combater o analfabetismo, aumentar a renda, organizar as comunidades e frear o êxodo rural.

A partir de iniciativas como a da ASA, os diversos governos Estaduais do Nordeste aderiram aos projetos, ampliando e reforçando os modelos já existentes, formando parcerias com entidades sindicais rurais e ONGs, sob pena de novamente se perderem em falácias que nada resolviam.

A ação acima foi apresentada a guisa de exemplo, pois muitas outras ações semelhantes estão sendo efetivadas com sucesso em todo o semi-árido nordestino, e são tantas que não cabe nesta breve retórica expô-las, tais como ampliação de horizontes na educação superior, atuação governamental por meio de políticas públicas de cunho eminentemente social com transferência de renda, empréstimos a trabalhadores rurais e pequenos empreendedores e, o mais importante, que é uma mudança de paradigma que contagia cada vez o nordestino com a franca possibilidade de aqui viver, conviver e vencer.

Mas retomando a cabeça desse breve texto, faz-se imperioso relembrar as declarações da estudante de Direito, paulista, Mayara Petruso com o seguinte teor: “ ... mate um nordestino afogado!” e da celeuma provocada, pois os fatos ocorridos recorrentemente no Sudeste, e por ocasião das recentes chuvas que devastaram cidades em São Paulo e na região serrana do Rio de Janeiro nos remete a uma ironia fatal, ou como diz o amigo Vangleso Pedrosa, aos receios dos castigos de Deus.

Vimos perplexos, e creio que os irmãos do Sudeste também, quanto é feroz e indomável os fenômenos naturais. Vimos que as chuvas no Sudeste do país, como as secas no Nordeste nos remete a uma conclusão inafastável: somos aprendizes de viver.

As palavras homofóbicas da infante paulista ( ou paulistana ), e os consectários emergentes que a seguiram conclamando a morte dos nordestinos por afogamento, conduz a uma reflexão acerca das situações que se contrapõem nesse momento: os flagelados das chuvas no Sudeste e a situação de equilíbrio pela forma de convivência com o semi-árido vivenciado pelo nordestino.

Vejo em noticiários estaduais que daqui do Ceará partem toneladas de donativos para as vítimas dos desmoronamentos e das enchentes no Estado-irmão do Rio de Janeiro e desde o início deste triste episódio não consigo esquecer as declarações criminosas que se alastrou na rede social twitter: mate um nordestino afogado.

Também relembro das toneladas de alimento e piedade que por décadas para cá foi enviada nos momentos de grandes secas, das cidades mais desenvolvidas do Sudeste. Os sentimentos de compaixão e solidariedade não podem ser usurpados por mesquinharias e reações de estupidez causadas por melindres inoportunos dos períodos eleitorais.

Fico pensando também onde mora Mayara. Não terá sido ela vítima de sua própria intolerância! E aqui vai um conselho de um velho nordestino que já experimentou o sentimento de migração para “o Sul”, como se dizia na época: não combatam as chuvas.

Os fenômenos naturais não podem, jamais, serem combatidos. Busquem alternativas de convivência com as chuvas, desocupem os caminhos das águas e, sobretudo, reflitamos, irmãos “do Sul”, que não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Aumento do preço do gás provoca revolta no sul do Chile - Direto do Chile Jornalista Flávio Paiva para o Blog da ONG História Viva


O artigo é de Flávio Paiva( Jornalista, Escritor e Repórter do Blog da ONG História Viva)
PUNTA ARENAS – A Patagônia chilena experiencia um momento histórico de cunho social, político e econômico. Há uma semana as principais cidades da Região de Magalhães – Punta Arenas, Puerto Natales e Porvenir – estão com as portas do comércio e da indústria fechadas e com os acessos aéreos, portuários e terrestres bloqueados por barricadas feitas por moradores, em protesto contra o aumento de 16,8% no preço do gás, anunciado pelo governo de Sebastián Piñera, no início do mês. Tudo está parado. Não há como fazer câmbio, abastecer carro, comer em restaurantes ou fazer compras em supermercados.
Embora tenha como um dos seus principais articuladores a Assembleia Cidadã de Magalhães (ACM) – fórum constituído por 14 entidades da sociedade civil – a mobilização tem caráter transversal e essencialmente orgânica. A causa comum, que leva à convergência das mais diferentes forças políticas, econômicas e sociais da região, manifestadas em constantes buzinaços e bandeiraços, é a luta contra a ameaça de privatização da Enap (estatal de petróleo), o desemprego e a inviabilização do consumo de gás, produto vital para o funcionamento das empresas e, sobretudo, para a calefação domiciliar.
As reações do governo chileno à paralisação regional de Magalhães passam por mudanças no gabinete da República. Foram quatro alterações ministeriais feitas esta semana: Defesa, Transporte, Trabalho e Energia. As pastas das Minas e Energia foram fundidas em uma só, entregue a Laurence Golborne, que fica encarregado do diálogo com as lideranças do movimento. Os sindicalistas estão apreensivos com a mudança no ministério do Trabalho, visto que para seu comando foi nomeada a senadora Evelyn Matthei, conhecida por seus posicionamentos contra as reivindicações dos trabalhadores.
O presidente Piñera, que foi ministro do general Augusto Pinochet, está recorrendo também a Lei de Segurança do Estado, que permite inclusive a intervenção das Forças Armadas, na tentativa de intimidar o movimento. As pessoas envolvidas nas barricadas, por exemplo, poderão ser identificadas e acionadas judicialmente, independentemente de estarem exercitando ações pacíficas de cidadania. Aqui em Punta Arenas, não se vê situações de saques, nem de violência por parte dos participantes dessa luta contra o aumento do preço do gás. O clima é de solidariedade, com voluntários fazendo comida em grande quantidade para os que estão em piquetes e barricadas.
O sociólogo Manuel Rodriguez, membro da executiva da ACM, recebeu-me gentilmente em sua residência e falou da surpreendente força civil das organizações sociais de Magalhães. “O que está acontecendo aqui é algo semelhante ao movimento dos piqueteiros que derrubaram o presidente Fernando de la Rua, na Argentina”. A comparação com as paralisações contra a queda vertiginosa do nível de vida, ocorridas em 2001 no país vizinho, mostra a confiança de Rodriguez no potencial mobilizador da cidadania na sua região.
O movimento tem tomado proporções bastante razoáveis. Pessoas de Magalhães que moram em outras regiões do Chile e no exterior estão ampliando a mobilização nas praças de armas das suas cidades de residência e em redes sociais digitais, organizando protestos como os que têm sido feitos na Praça da Constituição, em frente ao Palácio de La Moneda, na capital Santiago. Esse tipo de mobilização tem sido chamado de ““Magallatón”. Ontem, 16, no final do dia, as rádios de Punta Arenas anunciaram a adesão dos sindicatos dos petroleiros de todo o país ao movimento.
Em conversa com o laboratorista José Rojas Miranda, militante do Partido Socialista, ele explica esse fenômeno de mobilização transversal como um “fenômeno” histórico da cidadania na região: “O Chile como país foi descoberto antes por Magalhães. Depois, os movimentos operários, anárquicos, influenciados pela Revolução Francesa, também chegaram por aqui. O Partido Socialista foi fundado inicialmente no Chile em Punta Arenas. As reações contra a ditadura de Pinochet começaram nesta terra com o puntarenaço. Os protestos contra a alta do gás estão acontecendo dessa forma porque temos uma cidadania capaz de mobilizar-se”.
As várias tentativas de diálogo feitas até o momento não obtiveram consenso. O governo está propondo um aumento imediato de 3%, o que seria um ajuste relativo ao IPC de 2010, deixando que um projeto de lei definisse o aumento real para setembro, época de temperaturas abaixo de zero na região, quando as pessoas mais precisam utilizar o gás para se aquecerem. Os dirigentes da mobilização não estão aceitando. A desconfiança é muito grande em qualquer proposta do governo que seja para solução no futuro. Os habitantes de Magalhães não querem correr o risco de precisarem voltar aos tempos das fogueiras.
Durante a manifestação de domingo na Praça de Armas, perguntei à deputada Carolina Goic (Partido Democrata Cristão) sobre a perspectiva de um acordo. Ela respondeu que “a solução virá no momento que o governo reconquistar a confiança da população com uma proposta de regulação decente, que respeite o gás que se produz em Magalhães e que garanta o subsídio permanente, e não com medidas centralistas, que não levam em conta as particularidades da região”.
Na campanha eleitoral que o levou à presidência, Sebastián Piñera havia prometido em Punta Arenas que todos poderiam ficar muito tranqüilos porque a política do seu governo manteria um tratamento especial para o gás domiciliar na Região de Magalhães (El Pinguino, caderno Analisis, p.3, 08/01/2011). O gás é um insumo indispensável e de uso massivo na Patagônia. Tanto que sempre foi subsidiado como incentivo ao povoamento e desenvolvimento da região. Magalhães produz o seu próprio gás, mas só tem direito a cerca de 10% dessa produção, pois 90% do produto é utilizado para abastecer a Methanex, multinacional canadense, produtora de metanol.
Dentro de uma visão eminentemente econômica, sem levar em consideração as peculiaridades regionais e os fatores sociais envolvidos na questão do uso do gás em Magalhães, com o aumento do preço do gás o governo estaria aumentando a atratividade do setor petroleiro para a privatização. A alta do gás também serviria para inibir o consumo residencial, liberando o produto para aumentar ainda mais o fornecimento para a Methanex, que, como a maior consumidora de gás em todo o Chile, estaria pressionando o governo a cumprir compromissos que não estariam sendo honrados pela estatal de petróleo.
O aumento do preço do gás causaria forte impacto nos setores de transporte, de alimentos, do turismo e de eletricidade, uma vez que a energia da região é gerada com base em turbinas a gás. Entretanto, não é somente por esses motivos que o sentimento de indignação contra a medida do governo está presente em todos os lugares. Os habitantes da Região de Magalhães sentem-se usurpados pelo poder central e traídos pelo presidente. Nas ruas, ouve-se quem defenda a independência da região, sua anexação à Patagônia argentina ou até uma composição territorial com as ocupações inglesas no sul da América do Sul.
(*) Flávio Paiva é jornalista, colunista semanal do Diário do Nordeste e autor, dentre outros, dos livros “Como Braços de Equilibristas” (Edições UFC), “Mobilização Social no Ceará” (Edições Demócrito Rocha) e “Eu era assim – Infância, Cultura e Consumismo” (Cortez Editora) flaviopaiva@fortalnet.